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Vale (VALE3): acionistas vêem pressão por Mantega como ameaça

O Conselho de Administração da Vale realizará uma reunião, na próxima quarta (31), para determinar se Eduardo Bartolomeo continuará no cargo de CEO

Executivos de grandes empresas que possuem participação na Vale (VALE3) estão enfrentando pressões por meio de telefonemas do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Ele tem solicitado apoio para a nomeação do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, como presidente da companhia.

O Conselho de Administração da Vale realizará uma reunião, na próxima quarta-feira (31), para determinar se Eduardo Bartolomeo continuará no cargo de CEO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) expressou seu desejo de que o colegiado opte por Guido Mantega. O salário mensal para o cargo é de R$ 4,9 milhões.

A Previ, o fundo de previdência dos funcionários do Banco do Brasil (BBAS3), detém uma participação de 8,7% no controle da Vale. Embora o governo influencie na decisão da Previ, o peso dessa participação é considerado relativamente pequeno.

Para garantir a obtenção da maioria dos votos, o Executivo busca o apoio de outros acionistas privados para a indicação de Mantega. Essa é a solicitação que Silveira tem feito.

Escolha do presidente da Vale (VALE3)

A influência do governo na escolha do presidente da Vale se deve ao fato de a empresa ter a maioria de acionistas privados, conforme evidenciado no infográfico acima. Entretanto, esses acionistas privados são, em sua maioria, grandes empresas que dependem das decisões do Executivo federal para operar no Brasil. Dessa forma, o governo exerce influência significativa nas escolhas estratégicas da empresa.

Além das empresas privadas que são acionistas da mineradora, a própria Vale também está sujeita às decisões do Palácio do Planalto. Esses casos refletem situações em que há influência política em grandes projetos, especialmente na área de infraestrutura.

Um exemplo é o caso das ferrovias. O governo Lula planeja revisitar as concessões ferroviárias em 2024, que são contratos de operadores que receberam prorrogações durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). O argumento é que as concessionárias teriam realizado desembolsos considerados baixos pela administração de Lula para manterem seus negócios.

Nas conversas sobre a Vale com representantes do governo, há a percepção de que, caso o pedido para a nomeação de Mantega não seja atendido, as empresas podem deixar de receber o respaldo do governo em operações específicas que apresentam conexões com a administração federal.