Apesar da queda acumulada de cerca de 15% em 2024, as ações da Vale (VALE3) têm sido alvo de otimismo por parte de várias casas de análise. Na semana seguinte à divulgação dos resultados da mineradora, o JPMorgan e o Itaú BBA reafirmaram suas recomendações de compra ou equivalentes para os ativos, destacando os motivos que fundamentam essa posição.
Vale (VALE3): Visão do JPMorgan
O JPMorgan manteve sua classificação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para a ação VALE3, com um preço-alvo de R$ 102. Eles destacaram quatro principais razões para possuir ações da mineradora.
Os analistas do JP observam que a mineradora teve um desempenho abaixo do minério de ferro. Enquanto o minério de ferro tem registrado um desempenho mais robusto do que o esperado pelo mercado, a Vale teve um desempenho consideravelmente inferior à commodity, tanto em momentos de alta quanto de baixa. O banco vê essa disparidade como uma oportunidade para os investidores.
Segundo o JPMorgan, a cada dia em que o preço do minério de ferro permanece substancialmente acima dos US$ 70-80, que os investidores consideram um nível normalizado, a Vale se beneficia com lucros provenientes de preços anormalmente altos. Isso fortalece o Fluxo de Caixa Livre (FCF), o qual provavelmente será convertido em dividendos e/ou recompras de ações mais significativos.
Com o preço atual em torno de US$ 120/t (tonelada), isso representa um adicional de US$ 50-60/t em relação aos preços considerados normais. Essa diferença pode resultar em um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de cerca de US$ 15-18 bilhões em um ano.
Outro ponto destacado pelo banco, foi o fato da China seguir em um modo de crescimento. Isso implica que mais recursos serão direcionados para iniciativas de estímulo, como habitação social, infraestrutura e energia alternativa. Todas essas áreas devem resultar em um aumento no consumo de aço, e consequentemente, um aumento no consumo de minério de ferro.
Vale (VALE3): Visão do Itaú BBA
O Itaú BBA reiterou, na segunda-feira (26), sua recomendação de compra para a Vale, apesar de reduzir o preço-alvo dos ADRs (recibos de ações, que na prática representam ações da empresa brasileira negociadas na Bolsa de Nova York) de US$ 18 para US$ 17.
Isso ocorreu enquanto estimavam um Ebitda de R$ 19,6 bilhões para 2024, 4% abaixo de suas projeções anteriores. No entanto, o banco mantém o papel como sua preferência em mineração e siderurgia, considerando-o uma boa fonte de retorno aos acionistas, com potencial aumento de 26% para o valor da ação e um rendimento esperado de 13% através de dividendos e recompras de ações.
Para o setor de ferrosos, o BBA mantém a estimativa de preço médio de US$ 120 por tonelada para 2024, impulsionada por uma produção de aço ainda resiliente na China ao longo do ano e pelos elevados níveis de preço observados no início do ano. Dessa forma, projeta uma receita líquida de US$ 36,5 bilhões para esse segmento, com um resultado operacional esperado de US$ 19,3 bilhões em 2024.
Quanto aos metais de base, prevê uma receita líquida de US$ 7,1 bilhões, mantendo-se estável em relação às estimativas anteriores, mas com um resultado operacional de US$ 1,4 bilhão, em comparação com os US$ 2 bilhões projetados anteriormente. Isso se deve principalmente a maiores custos de produção de níquel e cobre.