A mineradora Vale (VALE3), divulgou, nesta quarta-feira (26), o seu resultado no primeiro trimestre de 2023. A companhia reportou lucro líquido de US$ 1,8 bilhão, o que representa uma queda de 58% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a empresa contabilizou US$ 4,4 bilhões.
No faturamento, a Vale teve uma receita líquida de US$ 8,4 bilhões, queda anual de 22% e abaixo dos US$ 9,2 bilhões projetados. No lado operacional, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado das operações continuadas foi de US$ 3,576 bilhões, baixa de 42,5% na base anual e também abaixo dos US$ 4,3 bilhões projetados.
A companhia justifica que o resultado foi impactado pelos menores preços realizados de minério de ferro e pelotas, assim como menores vendas de finos de minério de ferro e maiores custos.
O resultado foi anunciado após o fechamento do Ibovespa. N pregão desta quarta, as ações da companhia registraram leve alta de 0,39%, com papéis vendidos a R$ 70,27. Porém, de acordo com o Infomoney, as reações iniciais do mercado ao resultado da Vale foram negativas. Às 19h59 (horário de Brasília), os ADRs (American Depositary Receipts, recibo de ações negociados nos EUA) da empresa negociados na Bolsa de Nova York caíam 1,87%, a US$ 13,63, após chegarem a cair quase 3% logo após a divulgação do balanço.
1T23 fraco da Vale já era previsto
Não é surpresa o resultado ruim da Vale no 1T23. Antes do anúncio, analistas ouvidos pela BP Money já projetavam um desempenho fraco da companhia.
De acordo com Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, ja era esperado que a Vale tivesse um balanço trimestral negativo, pois os dados de produção foram piores em relação ao quarto trimestre de 2022 e ainda houve uma queda no preço dos finos de minério de ferro.
“Os dados de produção do primeiro trimestre de 2023 vieram fracos, piores que os do quarto trimestre do ano passado. Além disso, houve uma redução no preço dos finos de minério de ferro. Com vendas mais fracas e preço também menor, nós devemos ver um resultado mais fraco da Vale neste trimestre”, afirmou Costa ao BP Money.
Na visão de Vitorio Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, o mercado já espera um balanço trimestral decepcionante da Vale, principalmente por conta dos seus dados de produção nos primeiros três meses do ano, que devem puxar sua receita e margens para baixo.
“A minha expectativa e do mercado para esse balanço da Vale é ruim, pois o volume de produção no primeiro trimestre, mesmo com a sazonalidade, foi abaixo. Esses dados de produção mais fracos irão impactar seus custos e sua receita, algo que pode afetar negativamente as margens da Vale. O mercado já vem precificando isso, inclusive, tanto que as ações da mineradora estão caindo há dias”, disse Galindo.
Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, também acredita que a Vale deve apresentar um resultado trimestral fraco e explica que os dados de produção da mineradora recuaram por conta das fortes fortes que aconteceram no quadrilátero ferrífero e no Pará, pontos onde há a produção de minério e derivados.
“O balanço da Vale será de morno pra fraco. Nos últimos meses, tivemos bastante chuva na região do quadrilátero ferrífero e no Pará, onde há produção de minério e afins. Por conta disso, houve um recuo na produção, algo que irá afetar o resultado financeiro da mineradora. Além disso, o mercado espera uma queda no Ebitda da Vale”, pontuou.