A Vale (VALE3), uma das maiores mineradoras do mundo, divulga o seu balanço do quarto trimestre de 2022 nesta quinta-feira (16). A mineradora reportou, há cerca de duas semanas, seus resultados operacionais referentes ao período em questão do ano passado. Os números vieram abaixo do esperado e não animaram o mercado. Mesmo com a possibilidade de resultados aquém ao 4T21, especialistas consultados pelo BP Money afirmaram que a empresa pode, ainda assim, ser uma boa opção para a carteira de investimentos.
A mineradora teve um quarto trimestre com números operacionais abaixo do trimestre imediatamente anterior, ficando, inclusive, abaixo de seu próprio guidance. A Vale reportou, por exemplo, que a produção de minério de ferro no quarto trimestre do ano passado foi de 80,8 milhões de toneladas, o que consiste em uma queda de 10% frente ao trimestre anterior (3T22) e de 1% em relação ao 4T21.
“Em linhas gerais, a gente espera um resultado trimestral para o quarto trimestre levemente acima do terceiro trimestre de 2022, mas abaixo do quarto trimestre de 2021”, disse Vinícius Steniski, analista de ações da casa de análises do TC.
“Lembrando que no quarto semestre de 2021 o preço do minério de ferro estava mais elevado, então isso acabou beneficiando a Vale naquele momento”, complementou Steniski.
O especialista do TC destacou que o preço do minério de ferro praticado pela Vale deve vir um pouco acima do terceiro trimestre de 2022, o que deve melhorar o faturamento da companhia no 4T22 (em relação ao trimestre anterior).
“Se o preço aumenta, a receita também aumenta, assim como se o volume aumenta, a receita tende a aumentar também. Na linha dos outros metais, a gente espera também que o níquel venha com um resultado melhor tanto na comparação com o quarto trimestre de 2021 como também na comparação com o terceiro trimestre de 2022”, explicou Steniski.
Na comparação anual, entretanto, deve haver uma queda nos resultados da Vale, já que em 2021 a mineradora foi beneficiada, principalmente até o terceiro trimestre, dos preços do minério de ferro – que estavam bem acima do praticado atualmente.
Para Fernando Ferrer, analista da Empiricus, o guidance não muito inspirador do 4T22 pode dizer bastante sobre o balanço da companhia, no geral, que será reportado nesta quinta (15).
“O operacional eu acho que já é sabido, foi apresentado ao mercado e não foi muito inspirador. Uma coisa interessante é que houve uma redução do spread de prêmio de qualidade. Então normalmente pelo minério dela ter um teor de ferro maior, a Vale negocia com um prêmio de qualidade em relação ao minério de ferro tradicional.
No terceiro trimestre, foi de US$ 6,6 por tonelada. Agora foi US$ 5,4 por tonelada. Ou seja, eu imagino aqui que as linhas financeiras da companhia serão um pouco impactadas por conta dessa queda de spread”, pontuou Ferrer.
Ferrer ainda destacou que, em resumo, não vê muita surpresa no resultado da empresa, por conta desse operacional já ser de conhecimento do mercado. Existe, entretanto, a possibilidade do mercado reagir positivamente a divulgação da empresa, que seria com algo adicional ao balanço.
“Um eventual pagamento de proventos ou um eventual avanço em processo de gestão com a Cosan ou a fusão entre alguma subsidiária das duas empresas, eu acho que um trigger nessa linha para o resultado poderia impulsionar a companhia”, disse Ferrer.
Vale a pena investir na Vale (VALE3)?
A depender da estratégia do investidor, a Vale pode ser um papel até “importante” na carteira, já que é uma empresa muito resiliente e com forte geração de caixa, na visão de Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos.
“É uma decisão de investimento que vai muito da estratégia de investimento, porque se for uma estratégia para ganho de capital, talvez a Vale, como já andou muito nos últimos meses, não tenha tanto upside em consenso de mercado, mas para uma estratégia de dividendos, por exemplo, para quem quer receber dividendos, talvez seja um papel interessante. É uma empresa sólida, com forte geração de caixa e paga um yield elevado”, disse Luives.
Na opinião do especialista em investimentos, a Vale é uma empresa que “cabe no portfólio” dos investidores, já que se trata de uma companhia “gigante”, com a maior representatividade no Ibovespa e, consequentemente, tem bastante liquidez.
Para Steniski, do TC, o resultado, apesar de apresentar uma queda anual, ainda é um resultado positivo. O especialista destacou as margens saudáveis da mineradora, sua rentabilidade e a forte geração de caixa.
“Isso tudo é muito positivo. Com certeza, isso vai se reverter em mais dividendos. É uma característica da Vale e a gente espera que isso também seja convertido para o acionista. Achamos uma empresa excelente, que tem um futuro muito bom também”, pontuou Steniski.
Para Ferrer, da Empiricus, não há uma grande expectativa para a companhia, por ora, mas a empresa está com “um valuation bastante atrativo”.
“A Vale negocia 4x o valor da firma sobre Ebtida (EV/Ebitda) para 2023 e que eu acho que compõem um bom retorno de capital, seja via dividendos ou recompra de ações, e até valorização do ativo por conta de uma apreciação do minério de ferro em função da reabertura chinesa”, concluiu Ferrer.