Especialistas avaliam

Vamos: locação deve levar vantagem após processo de spin-off

Porém, cenário de juros altos pode levar a resultados negativos, mesmo que a cisão seja positiva para os dois segmentos

Vamos (VAMO3)
Divulgação

Analistas avaliam positivamente o processo de spin-off realizado pela holding Simpar (SIMH3), controladora da Vamos (VAMO3), que separou os setores de locação e concessionária da empresa. As empresas anunciaram a conclusão do processo em 31 de dezembro de 2024.

Com a conclusão do spin-off, o setor de concessionárias da Vamos incorporou a rede de concessionárias Automob, também controlada pela Simpar. Dessa forma, a Automob deixou de existir e deu lugar à Automob Participações (AMOB3). Enquanto isso, a Vamos agora detém apenas o segmento de locação.

A expectativa para a separação é positiva, considerando que ambas as divisões possuem características e mercados distintos”, avalia o diretor de Gestão da Hike Capital, Ângelo Belitardo.

Para ele, as maiores vantagens podem estar no segmento de locação da empresa, já que o setor em geral tem mostrado margens elevadas e previsíveis, além de um crescimento consistente e ganho de escala, atraindo investidores interessados em estabilidade.

Segundo ele, o ROIC (retorno sobre o capital aplicado) do setor “é bem superior ao retorno que os investidores conseguem na renda fixa, o que pode ser um forte gatilho para ganhos agressivos em um cenário de queda nos juros ou em um eventual processo de desalavancagem da Vamos”.

Por usa vez, as concessionárias, mesmo mais expostas a ciclos econômicos, têm potencial de ganhos significativos em períodos de expansão econômica ou de incentivos governamentais.

“Essa divisão deve permitir que cada empresa maximize seu potencial de crescimento, otimize recursos e melhore sua competitividade nos respectivos mercados”, destaca Belitardo.

Por sua vez, o analista de investimento da Andbank Fernando Bresciani sugere que o investimento nos setores de locação e concessionárias deve ser avaliado com cautela neste ano, com expectativas de alta dos juros, o que deve levar uma queda na atividade econômica, mesmo que a reestruturação seja positiva para as empresas.

“Assim, talvez esse não seja o melhor setor para se investir, se o cenário é esse, mas estamos acompanhando”, comenta. “Qualquer coisa no cenário recessivo não deve ir bem”, completa.

Considerando este cenário, o analista da Ouro Preto Investimentos Sidney Lima reforça que é preciso fazer uma avaliação cuidadosa ao optar por investir na Automob Participações (AMOB3) ou na Vamos (VAMO3), olhando para as estratégias, desempenho de mercado e potenciais de crescimento de ambas as empresas.

“Diversificação e monitoramento contínuo são essenciais, dada a possibilidade de diferentes trajetórias de crescimento e risco entre as duas empresas, tendo em vista negócios e público distintos”, lembra o especialista.

Entenda as duas fases de processos de cisão como o da Vamos

Os processos de cisão de empresas costumam ter duas etapas, destaca o sócio da RVF Advogados Rafael Rebola. A primeira fase é marcada por volatilidade, com investidores fazendo ajustes em suas carteiras.

Já a segunda etapa é a de formação de preço, em que o mercado passa a precificar as empresas em separado, levando em consideração suas perspectivas de crescimento, margens, grau de alavancagem financeira e projetos futuros.

Nesse processo, Rebola prevê que as ações do segmento de locação devem passar a ser percebidas como ativos de “crescimento estável”, com a possibilidade de múltiplos mais elevados, em razão da recorrência de suas receitas provenientes dos contratos de locação.

Já o setor de concessionárias, com a Automob Participações, pode sofrer maiores oscilações, a depender da demanda no setor automotivo e do quadro macroeconômico, avalia o sócio RVF Advogados.

“Ainda assim, em cenários de incremento nas vendas, esta unidade de negócios pode experimentar valorização expressiva, especialmente se houver aquecimento do mercado e condições favoráveis de crédito ao consumidor”, pondera Rebola.