A C&A (CEAB3) divulgou o seu desempenho no primeiro trimestre de 2023, na noite de quinta-feira (11). A gigante do varejo de moda reportou queda de de 17% com prejuízo de R$ 123,3 milhões contra R$ 152,7 milhões no mesmo período do ano passado.
A varejista de moda informou que a receita do período chegou a R$ 79,2 milhões, alta de 19,5% em relação ao mesmo período do ano passado.
“A C&A teve um início de ano sólido, mesmo operando em um ambiente desafiador marcado por consumo fraco, poder de compra restrito e concorrência acirrada, principalmente de players de comércio eletrônico internacional. As vendas aumentaram 3,6% no primeiro trimestre, com vendas de vestuário crescendo 6,1%, compensando um fraco desempenho em Fashiontronics devido a gastos discricionários restritos”, disse a companhia no comunicado ao mercado.
Ainda segundo a varejista, o aumento se dá em função da maturidade da carteira, ainda em formação. O resultado dos serviços financeiros foi negativo em R$ 23,4 milhões.
“Os esforços na gestão de custos e despesas também renderam frutos, com queda de 12,5% nas despesas operacionais. Isso resultou em um avanço significativo no Ebitda Ajustado, com margem crescendo 620 pontos-base para 6,2%”, destaca a companhia.
Por volta das 16h20 desta sexta (12) as ações da varejista subiam 0,26% com papéis cotados a R$ 3,81.
Varejistas: onda de recuperações judiciais escancaram crise
O varejo brasileiro acendeu o sinal de alerta no início de 2023, quando gigantes do setor como Americanas (AMER3) e Amaro recorreram ao pedido de recuperação judicial para reequilibrar suas contas. Também em crise, a Marisa (AMAR3) tenta reagir para não ir pelo mesmo caminho das concorrentes.
A situação das varejistas é o reflexo de um início de ano difícil para muitas companhias no Brasil. Segundo dados do Serasa, os pedidos de recuperações judiciais nos dois primeiros meses de 2023 foram os maiores dos últimos cinco anos para o período. Em janeiro e fevereiro deste ano, 195 empresas recorreram a ferramenta, o mesmo número registrado em 2018 para o período.
“É uma conjunção de fatores, mas em especial as consequências da crise da Covid-19, da qual as empresas que não quebraram, acabaram ficando bastante endividadas, o que foi agravado pela alta na taxa de juros, que saiu 2% ao ano, para os 13,75% atuais, o maior dos últimos 7 anos, o que aumentou o custo da dívida dessas empresas, tornando os débitos quase que impagáveis, obrigando muitas a pedirem recuperação judicial ou a abrirem falência”, explicou o sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, Idean Alves, para o BP Money.
Idean acredita que a instabilidade econômica que o Brasil vive afetou em especial as varejistas, que dependem da geração de emprego e renda e juros mais baixos para sobreviver.
“Com um cenário econômico mais adverso, taxa de juros alta, população altamente endividada, inflação elevada e aumento da concorrência com players globais como Amazon, Alibaba, Mercado Livre, entre outras, acabou pegando as empresas “desprevenidas” ou em muitos casos apenas escancarando problemas que já se arrastavam há anos, como no caso de Americanas. São nesses momentos de crise que o dinheiro troca de mão e os ajustes de mercado ocorrem”, analisou.