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Varejo: 3T23 mostrou que cenário continua desafiador para o setor

Varejo foi um dos setores que mais amargaram resultados ruins durante o período

A temporada de demonstrações financeiras do terceiro trimestre de 2023 chegou ao fim com a constatação de que o varejo foi um dos setores que mais amargaram resultados ruins durante o período, o que não foi nenhuma surpresa.

Especialistas ouvidos pelo BP Money já esperavam números fracos nos balanços da companhias, o que serviu para constatar que elas ainda estão passando por um momento muito difícil, apesar de uma pequena melhora em comparação ao trimestre anterior.

A estrategista de renda variável da InvestSmart XP, Mônica Araújo, destaca que o cenário macroeconômico ainda é muito hostil ao setor varejista brasileiro.

“Se a gente considerar as principais premissas como taxa de juros ainda restritiva, nível de renda, emprego, que vem melhorando, mas ainda com o nível de endividamento das famílias muito elevado, traz um contexto ainda bem complicado para o setor”, avalia a especialista.

Ela ainda acrescenta o fator da competitividade como uma dificuldade a mais para a lucratividade das varejistas. “Vemos empresas internacionais que estão com uma participação relevante aqui. Então, temos ainda as empresas brasileiras no contexto de busca de recuperação, de reestruturação”, ressaltou.

“É um cenário bem complicado em termos de resultado. Vimos até algumas com uma receita relativamente estável, quando a gente compara ano contra ano, contra outro trimestre, mas com um nível de retorno muito baixo, ou seja, com um nível alto de prejuízo, ou no lucro líquido um retorno muito baixo. Eu acho que fecha assi: um trimestre que não foi tão ruim quanto o anterior, mas que traz ainda desafios muito grandes a serem recuperados”, resumiu.

4T23

O último trimestre pode ser a oportunidade de recuperar parte das perdas do ano. As apostas do período são datas fortes como Dia das Crianças, Black Friday, Natal e Ano Novo.

Porém, o coordenador da Comissão de Economia da APIMEC Brasil, Alvaro Bandeira, chama atenção para um ponto que atrapalhou consideravelmente o desempenho das varejistas no terceiro trimestre.

“Nós tivemos de tudo nesse segmento de varejo, crescimento de lucros, aumento de prejuízos, mas é certo que o nível de endividamento aumentou bastante, assim como a inadimplência”, alertou.

“O quarto trimestre de 2023 será ainda muito desafiador para as empresas do setor, com crédito contido para as empresas e o endividamento das famílias se aproximando do topo das estatísticas”, apontou.

“O quarto trimestre é um trimestre muito importante para o setor. Ele concentra parte relevante das vendas consolidadas no ano. As empresas até deram uma certa sinalização de que outubro começou um pouco melhor, mas acho que a gente ainda está num nível de consumo muito baixo. Precisamos aguardar se as vendas realmente vão surpreender”, analisa Mônica Araújo.

Exceções

Para a reportagem, os especialistas elencaram aquelas empresas que ganharam destaque no período e destoaram do setor. Para Alvaro Bandeira, a Renner (LREN3) e o Grupo Mateus (GMAT3) foram os pontos positivos do varejo.

A Renner reportou lucro líquido de R$ 172,9 milhões, queda de 32,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Já o Grupo Matheus registrou lucro líquido de R$ 314 milhões, alta de 7,8% em relação ao mesmo período do ano passado.

“As Lojas Renner me parece mais conservador e portanto com menor risco, assim como o Grupo Mateus, que mostrou boa resiliência no terceiro trimestre e deve continuar assim, e além disso não depende tanto de crédito”, avaliou.

Já a escolha da estrategista de renda variável da InvestSmart XP foi pelo Mercado Livre (MELI34), que reportou lucro líquido de US$ 359 milhões, alta de 178,2% na comparação com o mesmo período do ano passado.

“É uma empresa que está capturando bem essa preferência pelo e-commerce e já vem de uma estrutura mais adequada para esse momento”, finalizou.

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