Carteira Valor

Veja as ações mais recomendadas de outubro, segundo corretoras

Se houver empate, prevalecem as ações com maior volume financeiro médio em bolsa nos últimos 90 dias úteis encerrados

Ibovespa
Ibovespa / Foto: Freepik

Com a bolsa brasileira renovando recordes, as casas de análise seguem adotando posturas mais arriscadas. Nesse sentido, a Carteira Valor mudou no mês de outubro, e segmentos que podem se beneficiar de uma eventual contração dos juros, como o da construção civil e o da educação, ganharam espaço.

Apesar desse cenário, a maior parte das ações selecionadas está em setores considerados mais seguros, como o financeiro e o das exportadoras, o que evidencia a necessidade de manter cautela em meio a um ambiente de incertezas.

A liderança das ações mais indicadas para outubro mudou de mãos mais uma vez. A empresa de telecomunicações Telefônica não só voltou à seleção como assumiu o topo, com cinco indicações. Contudo, diferentemente dos meses anteriores, em que as utilities (empresas dos setores de serviços, como telefonia, energia elétrica e saneamento) figuraram entre os setores mais representados, desta vez a Telefônica foi a única indicada.

A seleção da Carteira Valor ocorre por meio das dez ações mais recomendadas pelas corretoras participantes. Cada instituição sugere cinco papéis, de um total de 16, para a formação do ranking dos ativos mais indicados do mês.

Se houver empate, prevalecem as ações com maior volume financeiro médio em bolsa nos últimos 90 dias úteis encerrados no fim de cada mês. Segundo o Valor, o rendimento é calculado pela variação média simples dos papéis em cada período. Cabe destacar que as indicações não consideram pesos diferentes entre os ativos.

As corretoras que compõem a Carteira Valor atualmente são: Ágora, Andbank, Ativa, Banco Daycoval, BB Investimentos, Benndorf Research, CM Capital, Genial, Monte Bravo, Nova Futura, Planner, Safra, Santander, Terra Investimentos e XP Investimentos.

Veja as ações indicadas para a Carteira Valor

Telefônica (VIVT3)
Os analistas da Ágora reforçam que a Telefônica é a maior operadora móvel do Brasil, com cerca de 98 milhões de clientes e aproximadamente 39% de participação no mercado. Para a corretora, no segundo trimestre deste ano, a companhia apresentou resultados sólidos, com números em linha ou levemente acima das expectativas.

“O desempenho do segmento pós-pago segue robusto. Apesar de os investimentos terem ficado um pouco acima do esperado, não vemos motivo de preocupação, dado o perfil volátil desta linha ao longo dos trimestres. Mantemos a projeção de investimentos estáveis em 2025. O trimestre reforça a tendência positiva do setor, com a Vivo mantendo forte geração de caixa”, avaliou a corretora.

Vale (VALE3)
Para a Terra Investimentos, a Vale tem se mostrado resiliente em um cenário desafiador e continua apresentando resultados alinhados às expectativas do mercado, mesmo em meio à desaceleração da economia chinesa — um de seus principais mercados.

“A empresa conseguiu reduzir significativamente seus custos de produção, o que evidencia sua eficiência operacional e fortalece suas margens de lucro. Apesar da queda no fluxo de caixa livre, a relação dívida líquida sobre Ebitda permanece saudável, refletindo uma posição financeira robusta”, destacou a corretora.

BTG (BPAC11)
Segundo analistas da Ágora, o BTG tende a se beneficiar com um possível afrouxamento monetário, já que juros menores podem impulsionar a atividade de mercado de capitais, gestão de patrimônio e performance de ativos.

“O BTG Pactual possui baixa exposição a crédito, o que reduz o risco de inadimplência e confere maior resiliência ao modelo de negócios. Após resultados excepcionais no segundo trimestre de 2025, o banco teve suas projeções de lucro e receita revisadas para cima”, disse a casa em nota.

Cogna (COGN3)
As ações da Cogna tiveram alta expressiva ao longo do ano devido à virada operacional e ao aumento da geração de caixa, segundo João Tonello, do Benndorf Research. Para o analista, o papel ainda tem espaço para valorização, mas esse avanço depende cada vez mais de entregas consistentes.

“Se a Cogna conseguir manter ou acelerar o crescimento dos cursos — especialmente do ensino a distância —, controlar custos e superar os novos desafios regulatórios, poderá romper resistências com força”, afirmou.

Hayson Silva, da Nova Futura, acrescenta que a expectativa de início do ciclo de cortes de juros em dezembro ou janeiro favorece o setor educacional e contribui para a melhora dos indicadores de endividamento. “Esse cenário reforça o potencial de valorização do papel no mês”, disse.

Caixa Seguridade (CXSE3)
Recentemente, a Caixa Seguridade anunciou a distribuição de R$ 960 milhões em dividendos aos acionistas, o equivalente a R$ 0,32 por ação. O pagamento será realizado em 17 de novembro, para investidores com posição em 3 de novembro. O montante corresponde a 92% do lucro apurado no segundo trimestre, o que atraiu investidores.

Direcional (DIRR3)
Cauê Pinheiro, do Safra, recomenda as ações da Direcional, destacando sua posição favorável no ciclo positivo das construtoras voltadas à baixa renda. Ele ressalta que a empresa mantém lançamentos e vendas fortes no segundo trimestre, ao mesmo tempo em que demonstra bom controle de custos.

Além disso, Pinheiro aponta que as ações da Direcional estão sendo negociadas a valores atrativos. Aliado à baixa alavancagem e forte geração de caixa, esse conjunto de fatores sustenta suas operações e dá à companhia a capacidade de distribuir dividendos extraordinários ainda este ano, oferecendo benefício adicional aos investidores e fortalecendo a tese de investimento.

Itaú Unibanco (ITUB4)
Fernando Bresciani, analista do Andbank, destaca que o Itaú registrou bom resultado no segundo trimestre, com aumento de lucro e retorno sobre patrimônio líquido. “Ainda esperamos entregar bons resultados no terceiro trimestre”, avalia.

Para o especialista, a ação segue descontada. Ele também reforça que o banco paga bons dividendos, o que continua sendo um atrativo para os investidores e pode ajudar a impulsionar as ações.

Bradesco (BBDC4)
Ricardo Peretti, estrategista de pessoa física do Santander, ressaltou que os resultados do Bradesco no segundo trimestre foram positivos e trouxeram pistas de elevação da lucratividade para 2026.

“Nossa visão positiva é impulsionada por quatro fatores principais: o banco está no caminho certo para superar sua estimativa de lucro líquido; a queda da taxa Selic é mais benéfica para ele do que para outros pares; o plano de transformação está sendo executado em ritmo acelerado; e acreditamos que o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) pode atingir 15% até o fim deste ano e 16,6% até o fim do ano que vem”, disse.

Embraer (EMBR3)
Peretti, do Santander, lembrou que a Embraer está entre as maiores fabricantes de aeronaves do mundo e atua em setores com elevado potencial de expansão, como aviação comercial, executiva e de defesa.

A expectativa é de que a demanda permaneça consistente na divisão de aviação comercial, beneficiando as receitas da companhia. Ele também destacou os bons resultados do segundo trimestre, especialmente em relação às margens mais fortes, impulsionadas por um melhor mix de produtos.

Por fim, lembrou que Donald Trump retirou as aeronaves da lista de produtos que seriam sobretaxados nos EUA, o que trouxe alívio ao setor e foi positivo para a companhia.

Itaúsa (ITSA4)
A Itaúsa reportou lucro líquido recorrente de R$ 4 bilhões no segundo trimestre, alta de 11% na comparação anual. A empresa é vista pelos analistas como uma forma de investir no Itaú Unibanco com desconto. Embora tenha participações em empresas como Duratex, Alpargatas e Nova Transportadora do Sudeste, a maior parte de seu patrimônio e lucro vem do Itaú, que representa quase toda a carteira.

“A manutenção da Itaúsa na nossa carteira mensal reflete o histórico de resultados sólidos, advindos da participação em importantes empresas líderes em seus setores. Ressalte-se ainda sua disciplina financeira, solidez e boa governança corporativa”, afirma Mario Roberto Mariante, da Planner.