As vendas no varejo dos EUA apresentaram um recuo em outubro, embora em menor magnitude do que as projeções indicavam. Esse declínio ocorreu após vários meses de ganhos significativos, sinalizando uma desaceleração na demanda. Essa tendência pode reforçar a expectativa de que o Federal Reserve (FED) não adotará mais aumentos nas taxas de juros.
Segundo o relatório do Departamento de Comércio divulgado nesta quarta-feira (15), as vendas no varejo tiveram uma queda de 0,1% no último mês. Vale destacar que os dados de setembro foram revisados para cima, indicando um aumento de 0,9% em vez do inicialmente informado 0,7%.
As previsões de economistas consultados pela Reuters apontavam para uma queda de 0,3% nas vendas no varejo no mês passado.
As vendas no varejo abrangem principalmente transações de mercadorias e não são ajustadas para refletir os efeitos da inflação. O relatório foi divulgado após a notícia na terça-feira (14), de que os preços ao consumidor permaneceram inalterados em outubro, marcando o primeiro mês sem variações em mais de um ano.
Esses dados, aliados à desaceleração no crescimento do emprego e dos salários, levaram os economistas a concluir que o atual ciclo de aumento das taxas de juros pelo Banco Central dos EUA atingiu seu fim.
Os mercados financeiros estão agora antecipando um possível corte nas taxas de juros em maio próximo, conforme indicado pela ferramenta FedWatch do CME Group. Desde março de 2022, o Federal Reserve elevou sua taxa de juros overnight de referência em 525 pontos-base, situando-a na faixa atual de 5,25% a 5,50%.
A queda nas vendas no varejo surge após um período de robustos ganhos e pode indicar que os consumidores estão começando a sentir o impacto das taxas de juros mais elevadas. Esse efeito é mais pronunciado entre as famílias de renda mais baixa, muitas das quais dependem de cartões de crédito para financiar suas compras, após terem utilizado suas economias acumuladas durante a pandemia da Covid-19.
Visão do Bank Of America
No entanto, segundo o Bank of America (BofA) Institute, ainda não há indícios de que o reinício do pagamento de empréstimos estudantis esteja impactando negativamente os níveis de gastos.
Desconsiderando automóveis, gasolina, materiais de construção e serviços de alimentação, as vendas no varejo registraram um aumento de 0,2% em outubro. Vale ressaltar que os dados de setembro foram revisados para cima, indicando que o núcleo das vendas no varejo teve um incremento de 0,7%, em contraste com os 0,6% inicialmente reportados.