Em análise recente sobre o cenário econômico atual, o fundo Verde acredita que o ambiente que balizou suas posições ainda foi desafiador para os mercados brasileiros em dezembro. A equipe prevê que a pressão inflacionária da desvalorização cambial será sentida ao longo de 2025 e forçará o BC (Banco Central) a levar os juros “para patamares que considerávamos esquecidos”.
O fundo Verde, liderado por Luis Stuhlberger, CEO executivo-chefe de investimentos da Verde Asset Management, teve ganhos de 2,20% em dezembro e encerrou 2024 com valorização de 12,10%, acima dos 10,87% do CDI.
O ano passado foi desafiador para o segmento de multimercados, mas a Verde, pelo terceiro ano consecutivo, ficou acima do referencial de mercado.
“A reiterada opção pelo populismo fiscal revelada em novembro cobra um preço alto, e se não fosse a forte intervenção do Banco Central no mercado cambial, teria sido maior ainda”, escreve o time de gestão, segundo o “Valor”.
“A sazonalidade do mês de dezembro sempre mostra saídas cambiais, mas neste último mês isso foi exacerbado pelo pessimismo generalizado que se abateu sobre os agentes econômicos. A intervenção, em grande escala, atenuou os efeitos imediatos das saídas, mas não pode ser mantida nessa toada”, advertiu a Verde.
A equipe do fundo prosseguiu afirmando que o modelo econômico de acelerador fiscal com freio monetário “segue em direção ao muro, e embora os preços de vários ativos já embutam prêmios de risco bastante significativos, continuamos a manter um posicionamento mais negativo”.
Quanto ao exterior, o destaque da Verde é que o mundo segue à espera da posse de Donald Trump nos EUA, porém, há vários ativos reagindo às declarações do presidente eleito americano e antecipando efeitos de potenciais medidas.
O dólar valorizou significativamente em dezembro, enquanto as taxas de juros longas subiram e os mercados acionários perderam força.
“É uma combinação que aperta as condições financeiras e já embute expectativas importantes sobre novas tarifas, redução de imigração e continuidade de grandes déficits fiscais americanos”, alertou a Verde.
“Curiosamente, enquanto fala do Panamá, da Groenlândia e de outros temas menores, o presidente-eleito tem ficado em silêncio sobre a China. Veremos até quando isto dura”, completou a equipe.
Após longo sucesso, Stuhlberger vê retorno da Verde recuar
Luis Stuhlberger, fundador e CEO da Verde Asset Management, foi um dos pioneiros da indústria de fundos de investimentos no Brasil. O sucesso dele no mercado, sendo visto quase como uma figura mística, é também o que impulsionou décadas de retornos excepcionais à empresa.
O fundo carro-chefe da Verde Asset Management rendeu 26.000% desde sua criação em 1997, com uma alocação diversa, de moedas a commodities. Essa porcentagem equivale a 22% ao ano. No entanto, o momento atual trouxe uma crise como nunca antes para Stuhlberger.
Sob os rumores ao redor da Avenida Faria Lima, de que o executivo teria perdido seu “toque de Midas”, os retornos do fundo Verde passaram de espetaculares para medianos nos últimos anos, de acordo com a “Bloomberg”.
Nessa esteira, clientes estão retirando dinheiro, cortando em mais da metade os ativos sob gestão da firma, e forçando Stuhlberger a reestruturar sua equipe.
O empresário assumiu diretamente, nos últimos seis meses, a estratégia de ações locais da empresa. Operadores foram demitidos e o head comercial foi afastado, segundo fontes do veículo de notícias.
Os fundos multimercados brasileiros vivem um momento complexo de forma geral, devido ao aumento das taxas de juros e mudanças nas leis tributárias que levaram os investidores para títulos isentos de impostos.