Medo de uma recessão

Verde pausa alocações em Bolsas nos mercados local e global

Para a Verde Asset, com um mês e meio de governo Trump, todas as posições em que se apostava visando a nova gestão estão “sendo colocadas em xeque”

Luis Stuhlberger, da Verde Asset
Luis Stuhlberger, da Verde Asset / Divulgação

O fundo Verde, da Verde Asset, gestora de Luis Stuhlberger, diminuiu seu perfil de risco em movimentações feitas em fevereiro “de maneira significativa”. Entre as medidas, o fundo zerou boa parte de suas alocações líquidas em ações, tanto no mercado local quanto global, de acordo com a carta mensal da Verde, divulgada nesta terça-feira (11).

“O grau de incerteza sobre o cenário global subiu notadamente ao longo do mês de fevereiro. Temos comentado sobre a questão ruído versus sinal desde a eleição do presidente [americano Donald] Trump, mas neste mês o volume de ruído foi elevado de maneira significativa, e veio acompanhado de sinais preocupantes”, consta no documento.

A Verde Asset prossegue afirmando que “o desafio de rearranjar o sistema geopolítico global não é tarefa simples, e o uso de medidas tarifárias para alcançá-lo subestima uma série de complexidades da estrutura das cadeias de suprimento forjadas nos últimos quarenta anos”.

A carta da gestora sinalizou também que o grau de incerteza quanto à economia dos EUA tem avançado, junto de “uma curiosa narrativa do governo de ser necessário um período de ‘desintoxicação’ dos agentes econômicos”. 

“Os mercados têm lido essa narrativa como um perigoso convite a uma recessão, e não por acaso vimos taxas de juros cadentes ao longo do mês, combinadas com quedas dos principais índices de ações”, descreve.

Outro ponto observado pela Verde é que depois de uma série de declarações sinalizando o abandono do apoio norte-americano à Ucrânia, os países europeus “finalmente perceberam a necessidade de iniciar um pacote importante de gastos de defesa”.

Diante disso, o dólar enfraqueceu nas últimas semanas. Para a gestora, com um mês e meio de governo Trump, todas as posições em que o mercado apostava consensualmente visando a nova gestão estão “sendo colocadas em xeque”. “Essa incerteza nos fez reduzir de maneira significativa os riscos do fundo”, diz a carta.

As apostas da Verde sobre o Brasil

No caso do Brasil, a gestora acredita que o País “continua sua deriva entre a influência dos mercados globais (que tem sido positiva, dada a fraqueza do dólar e rotação de fluxos para outros mercados que não os EUA) e os fundamentos locais”. 

Paralelamente, a equipe da Verda também destacou como “grande novidade do mês”, o enfraquecimento das métricas de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, assim como uma antecipação da discussão eleitoral de 2026.

“Há algum tempo temos convicção que um trade eleitoral aconteceria no Brasil, seguindo a praxe dos últimos ciclos. No entanto, conforme o exemplo de outros mercados, esperávamos nos posicionar para tal movimento na segunda metade deste ano. A piora sensível dos indicadores do presidente, e sua aparente incapacidade de mudar a trajetória do governo, vide a recente reforma ministerial, antecipam as discussões. Ainda assim, com um custo de oportunidade tão alto, temos que ser cuidadosos em não nos posicionar cedo demais”, comentou a Verde

Por fim, na carta mensal a gestora se posicionou, por ora, “de maneira cautelosa com viés negativo, mas atentos aos sinais e em busca de preços atrativos para mirar um horizonte mais longo”.

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