Viver (VIVR3): conheça a penny stock que chegou a valorizar 800%

Viver teve alta “relâmpago” em 2021, após anúncio de saída da recuperação judicial; saiba se vale a pena investir

O termo “penny stock” (usado para ações negociadas abaixo de R$1) passou a ganhar destaque nas pautas dos jornais de mercado, após a queda da Americanas (AMER3), com o rombo de R$ 40 bilhões. A dúvida sobre o investimento nessas ações aumentou entre os investidores. Um caso recente de penny stock que teve uma valorização improvável foi o da Viver (VIVR3), em 2021, com uma alta “relâmpago” de 800%. As ações, entretanto, seguem negociadas abaixo de R$ 1 hoje. 

A Viver Incorporadora abriu capital em 2007 e logo viu suas ações caírem. Em 2016, com uma dívida de quase R$ 1 bilhão, a Viver entrou com pedido de recuperação judicial (RJ). Essa RJ teve fim em 2021, quando as ações da Viver, que até então eram negociadas abaixo de R$ 1, foram para o patamar de R$ 5,05 – em três meses. 

De acordo com dados do Economatica, as ações da Viver valorizaram 879% entre 29/03/2021 e 23/06/2021, saindo de R$ 0,99 para R$ 5,05.

Segundo o COO do Economatica e especialista em renda variável, Felipe Pontes, a variação positiva nas ações da Viver, durante o período citado, aconteceu em um movimento de especulação do mercado, porque a companhia protocolou o pedido de encerramento da recuperação judicial. Atualmente, as ações são negociadas a cerca de R$ 0,50. 

As penny stocks, apesar de parecerem atrativas, pelos “preços baixos” na bolsa de valores, apresentam grandes riscos aos investidores. Isso porque, geralmente, uma penny stock possui baixo valor de capitalização.

Vale a pena comprar ações da Viver? 

Para Pontes, um ponto que o investidor de curto prazo deve ficar atento em relação especificamente a Viver é que a empresa tem baixa liquidez em bolsa, volatilidade acima dos 70% e beta (métrica que indica risco e retorno) de 2,55. 

“A título de comparação, o beta de mercado da Viver é 1 e quanto maior for o valor, acima de 1, mais ‘arriscada’ será a empresa, no sentido de volatilidade”, explicou Pontes.

Pontes também destacou que a Viver está em um segmento (imobiliário) que é muito prejudicado pela incerteza na economia, com a inflação mais alta e taxa de juros alta. 

“A dívida bruta da Viver representa 75% do ativo total da companhia, que tem uma liquidez baixíssima. Aliado a esses fatores, a companhia tem margem operacional muito negativa, sendo que a última vez que apresentaram margem operacional positiva foi no terceiro trimestre de 2020”, disse Pontes. 

“A empresa tem queima de caixa trimestre a trimestre, fazendo com que o seu risco de insolvência seja estimado em 67% – com a média do setor em que a companhia está classificada na B3 sendo de apenas 25%”, complementou o especialista do Economatica.

Outro ponto de risco para a Viver, segundo Pontes, é que a companhia está com passivo a descoberto, ou seja, patrimônio líquido negativo. 

“Isso quer dizer que existem tantas dívidas e tantos prejuízos acumulados ao longo dos anos que ainda que se vendessem todos os ativos, a Viver não conseguiria quitar os seus passivos – considerando os números que estão registrados na contabilidade”, afirmou Pontes.