A Raízen (RAIZ4) teve o maior IPO de 2021, mas amarga queda de 20%. E agora?

De acordo com analistas consultados pelo BP Money, cenário econômico desfavorece a companhia e papéis de small caps em geral

Com o título de maior IPO (oferta pública inicial de ações) de 2021, a Raízen (RAIZ4) ainda não conseguiu encontrar o seu lugar ao sol na carteira dos investidores da Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Os papéis da segunda maior rede de operação de comercialização de combustíveis da América do Sul e também a maior distribuidora de etanol no Brasil acumulam queda de mais de 20%, desde a abertura de capital em agosto do ano passado.

Analistas ouvidos pelo BP Money explicaram que a queda das ações da companhia de biocombustíveis estão ligadas aos fatores macroeconômicos, mas acreditam que a Raízen deve apresentar bons resultados neste ano.

De acordo com Paulo Luives, assessor da Valor Investimentos, grande parte das empresas que fazem IPO demoram para ganhar confiança do mercado na bolsa. Mas este é apenas um dos fatores que acabaram derrubando as ações da companhia de biocombustíveis. A questão da alta da inflação, segundo ele, também faz investidores buscarem papéis com mais liquidez ou pularem para a renda fixa, o que atrapalha empresas como a Raízen. 

“A Raízen pegou, obviamente, o momento em que o mercado de ações está virando, saindo do fluxo de renda variável para renda fixa e esses papéis menores acabam sofrendo isso de maneira mais intensa”, disse Luives. 

Um outro problema que prejudicou a Raízen nos últimos meses foi a questão do guidance anunciado por ela de crescimento para esse ano, que foi abaixo do que o mercado esperava. Logo na sequência, ela ajustou esse guidance, só que essa primeira batida que ela tomou no preço acabou afetando e ela não conseguiu se recuperar dado que o mercado também não favoreceu”, complementou.

O guidance citado pelo especialista está relacionado às projeções para este ano, que foram anunciadas pela Raízen, primeiramente, em novembro de 2021. Um dos resultados que mais desanimaram o mercado, na época, foi o da estimativa para o Ebitda, que ficou 10% abaixo do que o BTG Pactual, por exemplo, esperava. O Ebitda anunciado, esperado para este ano, era entre R$ 10 bilhões e 11 bilhões, valor abaixo da expectativa do mercado. 

Em fevereiro deste ano, a Raízen anunciou um novo guidance para 2022. As novas projeções alteraram o Ebitda para um valor entre R$ 10,4 e R$ 11,2 bilhões para o período. Mesmo assim, isso não foi o suficiente para animar o mercado.

“A queda da ação veio do anúncio de mudança do guidance, considerando a quebra de safra, levando os analistas a revisarem suas estimativas de resultado, mas acabou ficando abaixo do esperado. O evento já foi precificado e agora é olhar para frente. ”, disse Pedro Galdi, da Mirae Asset.

Segundo Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, as ações podem cair ainda mais no curto prazo.

“O preço de mercado que a Raízen está negociando hoje está mais ou menos na estimativa. Flutua muito com o preço da commodity. Tem uma perspectiva de queda que pode se materializar em um futuro próximo. A perspectiva é de que tenha ainda mais queda no valor da ação da Raízen”, disse Soares. 

Apesar de ter sofrido com uma queda acumulada de 17,22% no último mês, os papéis da Raízen subiram 7% desde a última sexta-feira (13). Para Paulo Luives, a volatilidade nas ações da Raízen deve seguir, principalmente pelo momento da economia.

“Pelo momento de mercado atual, fica complicado para as small caps de performarem bem. Empresas que fazem cobertura do papel dão target de compra para o ativo, no consenso de mercado também existe uma recomendação de compra, mas é incerto a performance no curto prazo, dado que o momento da bolsa não é favorável, especialmente para empresas de small caps. A questão do fluxo acaba afetando muito”, afirmou Luives, da Valor Investimentos.

Resultado da Raízen no no 4º trimestre do ano-safra

A Raízen apresentou um lucro líquido de R$ 209,7 milhões no quarto trimestre do ano safra 2021/2022. O valor representa uma queda de 48,3% em relação ao resultado apresentado no mesmo período do ano-safra anterior, que foi de R$ 405,9 milhões. As informações foram divulgadas na semana passada.

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“A Raízen participou da compra da Biosev, então terá aumento de produção de cana e maior potencial de produção. A alta do preço do petróleo deve continuar influenciando em sua política de preços. A expectativa é de que os resultados se apresentem melhorados nos próximos trimestres”, disse Pedro Galdi, da Mirae.

“Se tratando dos resultado do primeiro trimestre ela apresentou preços bem elevados, dado que as commodities subiram bastante, porém em menores volumes, até pela questão climática, na questão de produção de cana de açúcar. A Raízen teve volumes menores, mas o preço compensou bastante. A contínua evolução dos preços dos produtos da empresa, além da boa política de hedge que ela tem, em grande escala, consegue manter suas margens em um patamar saudável”, pontuou Luive, da Valor Investimentos.

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