Volume de IPOs no Brasil bate recorde e sobe 400%

 IPOs das companhias do Brasil já acumularam mais de R$ 57 bilhões até agora só neste ano

As ofertas públicas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) das empresas brasileiras já estão apresentando o seu melhor ano de todos os tempos, mesmo 2021 ainda nem ter acabado. As informações são do Bloomberg.

Segundo levantamento realizado pela Bloomberg, os IPOs das companhias do Brasil já acumularam mais de R$ 57 bilhões até agora só neste ano, com os juros baixos levando os investidores a alternativas mais arriscadas em busca de maior retorno. A contagem em 2021 supera o recorde anterior de R$ 53,6 bilhões em 2007, quando 60 empresas abriram o capital.

As taxas de juros com histórico de baixas levaram a um “rebalanceamento significativo de carteira para uma exposição crescente às ações em vez de outras classes de ativos”, afirmou Ricardo Bellissi, co-diretor da área de banco de investimentos do Goldman Sachs Brasil. “Perspectivas de retomada da atividade econômica após a significativa contração decorrente do Covid também têm sido um fator importante.”

O volume de IPOs no brasil cresceu mais de 400% neste ano até o começo de agosto ante ao mesmo período do ano passado, em comparação com um aumento de 110% para empresas sediadas nos EUA, de acordo com dados da Bloomberg. Esses dados excluem SPACs, os veículos de propósito específico para aquisições e investimentos.

Outro fator que ajuda a explicar o aumento da venda de ações é o fortalecimento da indústria local de gestão de recursos, com os fundos brasileiros assumindo um protagonismo maior no mercado de IPOs, segundo Cristiano Guimarães, diretor executivo de banco global corporativo e de investimento do Itaú BBA, que ficou em primeiro lugar entre os bancos coordenadores de IPOs de empresas brasileiras até agora neste ano, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Era impossível vender um IPO no Brasil sem a presença de estrangeiros” em 2007, afirmou Guimarães.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em junho os fundos de ações do Brasil tinham cerca de R$ 700 bilhões sob gestão, em comparação com os R$ 170 bilhões no fim de 2007. Os fundos multimercado, que também podem investir em ações, passaram de R$ 276 bilhões para cerca de R$ 1,6 trilhão no mesmo período, registrando ingressos recorde.

Apesar do caminho favorável, algumas empresas tiveram que fixar preços de suas ações abaixo da faixa indicativa proposta na oferta, como o marketplace de serviços GetNinjas e a Companhia Brasileira de Alumínio, ou também escolharem adiar suas transações, como a unidade da InterCement no Brasil. 

Com ciclo de alta de juros do Brasil, o apetite pelos novos entrantes pode ser testado. O Banco Central (BC) se reúne na quarta-feira e deve fazer sua maior alta de juros desde 2003 em meio ao aumento da inflação.

Além disso, o calendário eleitoral também pode trazer mais volatilidade aos mercados à medida que a corrida presidencial de 2022 chega mais próximo, segundo Bellissi, do Goldman.