A WEG (WEGE3) apresentou mais um trimestre bilionário (o segundo consecutivo) e segue surpreendendo o mercado positivamente. Na última quarta-feira (15), a companhia reportou um lucro líquido de R$ 1,193 bilhão no quarto trimestre de 2022, 36,5% superior ao do mesmo período de 2021. Mas esse bom momento coloca as ações como boas opções?
Para Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, o que mais impressiona é a capacidade da WEG de se reinventar, gerar novas fontes de receita e aprimorar as linhas existentes.
“Tudo isso acontece com muita disciplina de caixa, sempre preocupada em gerar valor para os seus stakeholders, em especial clientes e investidores, algo raro hoje em dia, pincipalmente quando vemos o histórico recente de fraudes e/ou prejuízo aos investidores minoritários por parte da gestão”, explicou Alves ao BP Money.
Com o forte resultado, as ações encerraram com alta de 1,36%, a R$ 38,88. Alves salientou que a área de análise da XP segue recomendando a compra dos ativos.
“Com base nos resultados melhores do que o esperado, a área de análise da XP reitera a recomendação de compra, com exposição à moeda estrangeira, perfil inovador, e os altos níveis de retorno posicionam a empresa como um alternativa defensiva em meio às incertezas domésticas, com um preço-alvo de R$50,00/ação”, avaliou Alves.
Já para Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, os investidores precisam ter atenção para alguns fatores e ter clareza na sua estratégia.
“A empresa provavelmente vai continuar crescendo, mas quando você começa a não entregar resultado, que não é o caso, mas se por acaso vir a acontecer, você pode ter correções mais fortes. E quem quiser investir, tem que ter isso bem claro na sua estratégia de investimentos”, salientou Brasil.
Segundo Alves, os principais fatores que contribuíram para os resultados recentes foram demanda aquecida e resiliência do modelo de negócio, determinantes para superar o momento de desaceleração econômica global e doméstica como o principal fator preocupante para as expectativas de crescimento de receita.
“Esse cenário macroeconômico poderia limitar o potencial de crescimento de lucro da WEG nos próximos anos, mas que por hora não fazem preço, apesar da volatilidade de preço dos insumos. Foi um trimestre para fechar o ano com chave de ouro”, afirmou Alves.
De acordo com Brasil, a empresa é robusta e cada vez mais tem investido em aspectos positivos para ter eficiência, produção e diminuição de custo, apresentando crescimento constante.
“Além da empresa investir na unidade produtiva dela no Brasil, ela é competitiva em relação ao exterior. Uma das frentes dela é motor de carro elétrico. A empresa tem uma frente que pode ficar muito importante na Europa dependendo do que acontecer em relação a crise energética da Europa. Tem se apresentado de forma robusta e todas as frentes tem crescido ao mesmo tempo. É raro encontrar uma empresa dessas”, ressaltou Brasil.
Além do resultado, a companhia também anunciou a aprovação do pagamento de quase R$ 950 milhões em dividendos complementares.
De acordo com o comunicado, serão distribuídos R$ 949.580.806,74, correspondente a R$ 0,226303730 por ação, para aqueles que detiverem ativos até o dia 17 de fevereiro. A partir do dia 22 deste mês, os papéis serão negociados “ex-dividendos”.
“É uma empresa pagadora de dividendos, mas pode ser que tenha algumas dificuldades no caminho. Não depende só da empresa, mas também de fatores macro. É importante ressaltar que o preço sobre o VPA (valor patrimonial por ação) é alto, mas isso historicamente tem sido alto na WEG”, analisou Brasil.
Destaques dos resultados da WEG
O Ebitda do período somou R$ 1,56 bilhão, em um avanço de 38,6%, e a receita operacional líquida subiu 22% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a R$ 7,98 bilhões. A margem Ebitda teve um ganho de 2,3 pontos percentuais, a 19,5%.
De acordo com a empresa, o quarto trimestre foi positivo e apresentou bom resultado em grande parte dos negócios, com demanda positiva tanto no mercado interno quanto nos principais países em que atuam no exterior, trazendo crescimento consistente das receitas.
“Entre os destaques do resultado trimestral, a empresa continuou com números fortes de vendas para o exterior em equipamentos eletroeletrônicos para indústria para geração e fornecimento de energia. Esse foi o highlight dela para o exterior. E, no Brasil, conseguiu performar muito bem com equipamentos voltados para energia eólica e energia solar”, destacou Brasil.
Questionado se o “momento bilionário” da WEG deve continuar, Alves se mostrou otimista quanto ao futuro da companhia.
“A WEG tem o que Warren Buffett chama de fosso competitivo, quase um castelo protegido por um fosso em razão das vantagens competitivas muito difíceis de ‘copiar’ financeira e tecnologicamente falando, o que deve garantir resultados bilionários por mais trimestres provavelmente, tudo isso somado a uma gestão de classe A, e que consegue ser referência em nível global, uma joia rara em um mercado cada vez mais turbulento”, finalizou.