A XP Investimentos (XPBR31) anunciou, nesta quinta-feira (12), que colocou sob revisão a recomendação da Americanas (AMER3). As ações da companhia abriram o dia em leilão, segundo a B3. O fato é devido ao comunicado desta quarta-feira (11) feito pela varejista, que informou sobre inconsistências encontradas em lançamentos contábeis, o que causou um rombo de R$ 20 bilhões.
“Estamos colocando a cobertura de Americanas (AMER3) sob revisão, dada a falta de visibilidade sobre o que de fato aconteceu e os impactos efetivos a serem observados nas demonstrações financeiras da companhia”, informou a corretora.
No mesmo documento, a Americanas também divulgou a renúncia de Sergio Rial ao cargo de CEO (presidente) e de André Covre, na posição de Diretor de Relações com Investidores. Ambos foram empossados no dia 2 de janeiro de 2023, permanecendo menos de 10 dias nas cadeiras.
Visão da XP sobre a Americanas
Segundo a XP, o comunicado da varejista traz diversos riscos para a tese de investimento. A primeira seria a própria saída de Rial do cargo de presidente. “Em nossa visão, o executivo era um pilar importante para sustentar o processo de transformação da companhia, devido a seu histórico de execução, gestão focada na redução de custos e credibilidade com o mercado”, disse.
Já o segundo risco, estaria atrelado ao possível impacto negativo no caixa. Apesar do ex-CEO destacar que a posição do caixa é sólida, com mais de R$ 8 bilhões, a corretora analisou que o anúncio pode implicar em três efeitos negativos, sendo eles:
Maior alavancagem, dado que o endividamento da Americanas pode aumentar dependendo dos ajustes em seu balanço patrimonial;
Maior custo de dívida, por conta da maior percepção de risco de crédito e liquidez;
Deterioração do capital de giro, dado que a companhia poderá ter problemas em manter os dias de pagamento a fornecedores, por conta de seu ciclo de caixa pior.
A XP ainda destaca que há riscos de processos judiciais nos EUA, dado que a companhia possui ADRs (recibos de depósitos) negociadas no país. Por fim, devido aos desafios nos cenários macro e competitivo, a corretora afirmou que será prudente. “Mantemos nossa visão cautelosa com o segmento por conta da menor renda disponível, aumento das taxas de juros e competição mais acirrada”, concluiu em nota.
Presidente interino da companhia
Para ocupar ambos os cargos interinamente, o Conselho da companhia nomeou João Guerra, executivo com ampla trajetória na companhia nas áreas de tecnologia e recursos humanos, e que não estava envolvido anteriormente na gestão contábil ou financeira, segundo a empresa.
O Conselho de Administração decidiu ainda criar um comitê independente para apurar as circunstâncias que ocasionaram as referidas inconsistências contábeis, que terá os poderes necessários para a condução de seus trabalhos.