O conflito entre a Rússia e a Ucrânia têm protagonizado os noticiários desde o início do ano e elevado as preocupações do radar financeiro e econômico global com a intensificação das ofensivas russas contra o território ucraniano. Neste cenário, a XP Investimentos preparou um apontamento constando as perspectivas do time de especialistas de uma das maiores corretoras independentes do Brasil.
O relatório explica que as sanções devem levar ao enfraquecimento da economia Russa, e consequentemente de outros países também, principalmente na Europa. Além disso, a disparada nos preços das commodities, pelo medo de impacto na oferta, pode levar a um risco maior de “Estagflação” no mundo – ou seja, desaceleração econômica aliada a uma inflação maior e mais resiliente.
O time de especialistas destacam que a principal consequência para a economia nacional, caso haja o prolongamento do conflito, será o impacto direto da crise no Brasil, que tende a ser limitado às importações de fertilizantes.
Apesar de ser uma potência agrícola, o Brasil não é autossuficiente em fertilizantes e importa a maior parte do que consome, sendo o cloreto de potássio um dos principais deles. Cerca de 90% do potássio usado no Brasil é importado, sendo 20% só da Belarus. Canadá e Rússia, principalmente, completam o resto.
As projeções é de que os fertilizantes fabricados pela Belarus não devem mais conseguir chegar ao Brasil, por conta de um bloqueio ao trânsito dos produtos do vizinho feito pela Lituânia, apenas piora uma situação que já está bem delicada para o mundo e, em particular, para o Brasil: a alta nos preços e o risco de falta de fertilizantes.
Desta forma, o impacto indireto via preços de commodities, inflação e problemas nas cadeias globais de produção pode ser elevado.
A Rússia é um dos principais fornecedores globais de petróleo, gás, metais e grãos. As sanções ocidentais a Moscou evitaram diretamente os recursos naturais, o que, em teoria, os deixa disponíveis para o comércio, mas bancos, seguradoras, companhias de navegação e parceiros comerciais estão efetivamente boicotando o país para reduzir o risco legal e para a reputação.
Neste cenário, a corretora salienta que na hora de investir é importante “não tomar atitudes precipitadas quando o assunto é promover mudanças nos portfólios com o intuito de antever o que está por vir”. A melhor estratégia a seguir nesses momentos, destaca o relatório, é ter caixa, se manter investido e com uma boa diversificação na carteira, e manter a calma. “Ressaltamos exposição às commodities e ativos reais como sólidas proteções no cenário atual, incluindo os títulos atrelados à inflação (IPCA+)”.