O Brasil possui um mercado diversificado e um consumo interno robusto, características que permitem a existência de ativos promissores para investidores, mesmo em períodos de volatilidade global. Essa é a análise de Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, em entrevista ao BP Money.
Ao ser questionado sobre a recuperação da Bolsa brasileira após os impactos da pandemia, Megale afirmou que “os múltiplos das empresas brasileiras são atrativos”, ressaltando que estratégias de análise “bottom-up” — que se concentram nos fundamentos das empresas individuais, sem considerar o setor ou a economia como um todo — têm mostrado “resultados interessantes”.
“O bottom-up mostra resultados interessantes”, disse Megale. “Esses casos de sucesso acabam sofrendo com o ambiente macroeconômico incerto, mas conseguem destravar valor quando há uma melhora no horizonte econômico”, completou.
Megale também destacou que, na média das ações do Ibovespa, espera-se uma performance muito positiva no curto prazo. Essa melhora deve ocorrer ao passo que é observada a alta dos juros e incertezas globais decorrentes de tensões geopolíticas.
Por outro lado, ele observou que o “problema fiscal brasileiro” pode gerar volatilidade até que o pacote de corte de gastos do governo seja “conhecido e implementando”.
‘Top-down domina grandes tendências’, diz economista da XP
O economista da XP também comentou sobre a abordagem “top-down”, que foca em fatores macroeconômicos, como o PIB, taxas de juros e níveis de emprego. Segundo ele, essa estratégia “domina as grandes tendências” e é especialmente relevante no contexto brasileiro, onde “empresas crescendo” mesmo em um cenário global turbulento.
“No curto prazo é muito difícil você ver a Bolsa Brasileira subindo ou empresas brasileiras subindo de forma sistemática”, acrescentou o especialista.
No entanto, ele reforçou o potencial de crescimento para o médio e longo prazo, mencionando que as empresas e setores que enfrentam desafios atuais têm potencial para se desvencilhar das oscilações do top-down. “Eu gosto da abordagem para o médio e longo prazo, eu gosto da abordagem top-down na gestão de ações”, concluiu o economista.