O cenário macroeconômico ainda desafiador deve ofuscar os fundamentos sólidos e preços atraentes das empresas listadas na B3 – Bolsa brasileira -, avaliou a XP Investimentos, que tem visão neutra para as ações brasileiras no próximo ano.
“Pelo lado positivo, as ações brasileiras permanecem com preços (valuations) descontados, e os fundamentos das empresas estão sólidos, como pode ser visto por níveis recordes de retorno de caixa para os acionistas e lucros sólidos. Por outro lado, vemos riscos de revisões de lucro para baixo para 2025 devido aos juros em níveis mais elevados”, afirmou a casa em extenso relatório.
Com a inflação em ritmo de alta e expectativas desancoradas, os desafios macros permanecem no Brasil, o que deve levar o BC (Banco Central) a aumentar expressivamente os juros, argumentou a XP, segundo o “E-Investidor”.
O relatório prossegue afirmando que a dinâmica fiscal permanece a principal fonte de preocupação para os investidores, e o pacote fiscal anunciado recentemente pelo governo não reduziu as preocupações.
“Assim, nós vemos desafios em termos de fluxos para as ações brasileiras em 2025, dado que os investidores domésticos devem seguir aumentando a alocação em renda fixa, enquanto os investidores estrangeiros provavelmente não aumentarão fluxos com o real se desvalorizando rapidamente”, pontuou a casa.
Na avaliação da XP, o destaque é que a B3 teve novamente uma das piores performances do mundo em 2024.
“Após a turbulência recente do mercado e a perda de credibilidade da dinâmica fiscal no Brasil, o mercado já está precificando uma Selic terminal próxima a 15%, o equivalente a um aumento de 4 p.p.”, afirma.
Em paralelo a isso, a empresa indicou que o valuation das ações brasileiras permanece relativamente baixo, com um P/L (preço/lucro) de 8,2 vezes, ao passo que o ROE (retorno sobre patrimônio líquido) segue saudável em 14%.
Além disso, a XP também chamou atenção ao fato de que os juros futuros de longo prazo estão próximos a 7%, em termos reais, o maior nível desde 2015-16, o que deve continuar pressionando os valuations e o potencial de valorização.
XP revende terreno em São Roque para JHSF
A Villa XP em São Roque (SP) parece ter ficado para trás. Um documento enviado ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) revelou que a XP fechou a revenda do terreno de 500 mil metros quadrados para a JHSF, companhia responsável pela construção do projeto.
Estima-se que a negociação com a JHSF tenha rendido cerca de R$ 400 milhões para a XP Inc.
Ao Cade, a corretora se limitou a dizer que a venda do terreno “está em linha com sua decisão comercial de não dar seguimento ao projeto de construção de nova sede no imóvel em questão”. A informação foi obtida pelo Invest News.
A ideia da Villa XP surgiu durante a pandemia da Covid-19, quando o modelo full home office parecia um caminho sem volta. O plano da companhia era construir um campus, à semelhança do que Apple (AAPL34) e Google (GOGL35) possuem no Vale do Silício.
A XP desembolsou R$ 98,6 milhões apenas pelo terreno.
Em 2020, o CEO da XP, Guilherme Benchimol, chegou a dizer ao Brazil Journal que aquela região iria “explodir”. “Havia opções no Brasil inteiro, mas quando visitamos a área, tivemos certeza de que era ali”, comentou.
Quase três anos após as declarações, em 2023, em entrevista ao InfoMoney, o executivo afirmou que o projeto estava sendo reestruturado. “Algumas coisas mudaram nesses últimos tempos e precisamos nos adaptar.”