A gestora Mubadala Capital, de Abu Dhabi, encerrou a novela com a marca Burger King Brasil. A Mubadala desistiu da oferta pública de aquisição de ações (OPA) pela Zamp SA (BKBR3) e as ações da companhia caíram fortemente durante o pregão desta sexta-feira (23). De acordo com analistas, a queda se deu por uma questão de fluxo, já que, possivelmente, muitos investidores recentes compraram os papéis com o intuito de realizar lucro com a operação do Mubadala.
Por volta das 16h20 desta sexta, os papéis BKBR3 operavam em queda de 8,24%, cotados a R$ 6,68, na bolsa de valores de São Paulo (B3). Segundo o analista do mercado financeiro Andy Kawamoto, a possibilidade da OPA pelo Mubadala gerou, automaticamente, no mercado, uma visão de que o ativo estava muito barato.
“Isso atraiu a atenção dos investidores, porque poderia ter uma valorização muito rápida no curto prazo. Uma vez sinalizando a desistência desse processo, todo esse fluxo de investidores que entrou para se aproveitar desse possível evento, realizaram lucro, saíram também com a perspectiva de que esse cenário não se concretizará”, explicou Kawamoto.
“Nesse caso, é muito comum ver o papel até voltar a patamares similares ao que estava antes da especulação. É basicamente isso, mais uma questão de fluxo, que chega a um desfecho que não concretiza a OPA”, complementou Kawamoto.
Em agosto deste ano, a Mubadala anunciou que iria adquirir a Zamp S.A através de uma oferta pública (OPA), com um preço alvo de R$ 8,31 por ação. A oferta animou os investidores. No dia 12 de setembro, o Mubadala elevou a oferta pelo controle da Zamp em 10% e, no mesmo dia, as ações da dona do BK Brasil subiram mais de 7%, fechando o dia em alta de 3,6%.
Para Kawamoto, apesar de grande parte dos investidores que entraram visando o lucro dessa operação terem perdido o apetite pela companhia, as operações da empresa não mudarão.
“No curto prazo, como não tem nenhum tipo de trigger, junto com esse cenário desafiador que se desenha, o saldo de agressão na venda faz essa distorção no preço, mas não muda nada em relação à operação em si”, destacou Kawamoto.
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A analista da GTI, Paolla Melo, reiterou que no momento do anúncio da OPA a ação subiu porque, basicamente, foi uma sinalização de que ela poderia representar uma oportunidade. Com a desistência da gestora, ocorre o movimento contrário.
Em relação ao que poderia mudar, caso a OPA fosse concretizada, Melo afirmou que não é uma resposta tão simples, como explica a seguir.
“A questão se o Mubadala ia agregar ou não para a companhia é difícil dizer, porque não sabemos quais seriam os investimentos que eles fariam e, para o dono da marca RBI, o que ele quer saber é se no Brasil você vai ter uma gestão comprometida com plano de investimentos, quem vão ser as pessoas que vão tocar esse negócio, não houve um ‘disclosure’ do Mubadala sobre o que ele pretendia fazer com a empresa aqui no Brasil, então a gente não tem essa resposta”, disse Melo.
Ações da RBI, dona internacional do Burger King, também caem nesta sexta
Por volta das 14h35 desta sexta-feira (23), as ações da Restaurant Brands (QSR;NYSE) – dona internacional das marcas Burger King e Popeyes – operavam em queda de 2,39%, cotadas a US$ 55,05.
Guilherme Zanin, analista da Avenue, afirmou que o movimento da Mubadala também afetou a marca no cenário internacional, vide o desempenho da RBI no mercado norte-americano nesta sexta.
“A RBI nos EUA detém, além do Burger King, o Popeyes e a Tim Hortons. É uma empresa que é especializada na área alimentícia e suas ações caíram depois que o Mubadala acabou desistindo de realizar a aquisição da Zamp SA. A gente viu uma queda no mercado nas últimas semanas, principalmente esse setor acabou sendo impactado. As ações da QSR esse ano caem 12,45% e a gente vê como negativo para o setor que a empresa acabe não conseguindo fechar o negócio em um momento de taxa de juros mais elevada”, afirmou Zanin.
