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Argentina: bancos temem corrida de saques para compra de dólares

País enfrenta o risco de uma corrida para sacar pesos para comprar a divisa americana

Os ativos argentinos no exterior tiveram alta expressiva durante o feriado de segunda-feira (20) no país vizinho, após a vitória de Javier Milei. Mas com a reabertura dos bancos nesta terça-feira, a Argentina enfrenta o primeiro teste de promessa do novo presidente de dolarizar a economia: o risco de uma corrida para sacar pesos para comprar a divisa americana.

Embora os bancos tenham tomado medidas antes da votação de domingo para garantir que teriam dinheiro suficiente em mãos, executivos do setor têm dito aos reguladores, em conversas privadas, que podem precisar de ajuda adicional para reforçar o sistema. As informações são da Bloomberg.

Milei venceu as eleições prometendo uma reforma econômica radical, incluindo uma proposta assinada de eliminar o peso e substituí-lo pelo dólar americano. O problema agora é como manter a economia funcionando durante a transição.

Em vez de dar indicações de suas intenções na segunda-feira, o escritório de Milei disse que ele não revelaria nenhuma nomeação de ministros até sua posse em 10 de dezembro. O presidente eleito anunciou planos de visitar em breve Miami, Nova York e Israel em uma viagem que tem “um significado espiritual mais do que outras características”.

Dado este cenário, o risco de uma corrida aos bancos para sacar pesos e comprar a divisa americana no mercado paralelo não pode ser descartado.

As bolsas online de criptomoedas mostraram uma desvalorização do peso após a vitória de Milei. “Estamos meio que marchando em direção ao desconhecido”, disse Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs.

Um processo desordenado de compra de dólares pode causar sérios problemas à economia, inclusive alimentar a hiperinflação e minar as reformas radicais propostas por Milei antes mesmo que elas consigam decolar.

“Há uma chance de que isso dê certo, mas há muitos desafios”, disse Gorky Urquieta, codiretor da equipe de dívida de mercados emergentes da Neuberger Berman. “Será como andar na corda bamba, com muitos riscos envolvidos na execução, mas acho que o mercado vai dar espaço a ele.”

Os executivos dos bancos não esperam uma grande desvalorização da taxa de câmbio oficial nos próximos dias, mas estão preocupados com o potencial de caos caso uma onda de saques aconteça. Eles têm mantido contato com funcionários do Banco Central, segundo pessoas com conhecimento direto do assunto.

Para aliviar a pressão sobre a diferença entre as taxas de câmbio durante o período de transição e permitir a entrada de mais dólares de exportação, as autoridades concordaram em permitir que os exportadores liquidem mais das suas vendas no exterior à chamada taxa de câmbio blue chip, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas.

O banco central também planeja continuar comprando títulos do governo em pesos no mercado secundário para aliviar a pressão de venda, ao mesmo tempo que continua a emitir contratos em pesos no mercado futuro, acrescentaram as pessoas.

Um porta-voz do banco central da Argentina não quis comentar. Os defensores do plano de Milei para se livrar do peso apontam que grande parte do país já está dolarizado há algum tempo – muitas transações imobiliárias e importações caras já são cotadas na moeda dos EUA.

“A confiança na moeda local é muito baixa e já existe um grau significativo de dolarização informal na economia”, disse Ramos, do Goldman Sachs.

Argentina não pode cortar relações com a China, diz chancelaria chinesa

O Ministério das Relações Exteriores da China alertou a Argentina sobre cortar relações diplomáticas com Pequim e Brasília, dando um recado direto ao presidente eleito Javier Milei, que disse durante sua campanha que não iria se relacionar com “países comunistas”.

“Seria um grande erro diplomático para a Argentina cortar laços com grandes países como China ou Brasil”, disse Mao Ning, porta-voz da chancelaria chinesa, em entrevista coletiva nesta terça-feira (21).

Ainda segundo Ning, “nenhum país pode cortar relações diplomáticas e ser capaz de manter cooperação e comércio. Além disso, a porta-voz ressaltou as crescentes relações comerciais entre China e Argentina, chamando o país sul-americano de um “importante parceiro comercial”.

“A complementaridade econômica entre os nossos dois países significa que existe um grande potencial de cooperação. A China está disposta a trabalhar com a Argentina para manter as nossas relações num rumo estável”, disse Ning.

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