O aguardado primeiro pacote de medidas econômicas do governo de Javier Milei foi anunciado nesta terça-feira (12). Em vídeo o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, afirmou que o novo governo recebeu a “pior herança” da história e garantiu que “se continuar assim, haverá hiperinflação”.
O anúncio do pacote econômico era esperado para a segunda-feira (11), um dia após a posse do presidente argentino, mas acabou sendo adiado.
Veja os ajustes anunciados:
- Contratos de trabalho com duração inferior a um ano não serão renovados;
- Suspensão de contratos de publicidade do governo durante o período de um ano;
- Redução de ministérios (18 para 9) e de secretarias (106 para 54);
- Redução de transferência para províncias;
- Congelamento de novas licitações de obras públicas e cancelamento de obras que ainda não começaram;
- Redução de subsídio ao setor de energia e transportes;
- Aprimoramento de políticas sociais, “sem intermediários”;
- Fixação da taxa de câmbio em relação ao dólar em 800 pesos;
- Substituição do sistema de importação para um que não exija informações de licença prévia;
- Reforço em programas sociais.
“As medidas visam neutralizar a crise”, informou o ministro. Enfrentado a pior crise financeira em décadas, a previsão é que a inflação na Argentina encerre o ano perto dos 200%.
Promessa de campanha de Milei, a redução de ministérios e cargos públicos já havia sido adiantada pelo porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni.
“O objetivo é fazer o impossível no curtíssimo prazo para evitar a catástrofe”, justificou o porta-voz. Ainda segundo Manuel Adorni, os funcionários que não queiram fornecer informações sofrerão as “sanções correspondentes”.
Após a reforma, o governo do ultraliberal será composto pelas seguintes pastas:
- Ministério de Interior;
- Ministério de Relações Exteriores;
- Ministério de Comercio Internacional e Culto;
- Ministério da Defesa;
- Ministério da Economia;
- Ministério de Infraestrutura;
- Ministério da Justiça;
- Ministério de Segurança;
- Ministério da Saúde e Capital Humano.
Com informações do portal Metrópoles, parceiro do BP Money.
Mercosul-UE: governo Milei sinaliza a Brasil interesse em fechar acordo
Antes vista como improvável, a entrada da Argentina sob a presidência de Javier Milei no acordo entre Mercosul e União Europeia dá sinais cada vez mais concretos de que vai sair do papel.
De acordo com a CNN, integrantes do governo do novo presidente argentino disseram a diplomatas brasileiros haver interesse na adesão entre os dois blocos econômicos. .
Segundo a publicação, novos negociadores argentinos do acordo já entraram em contato com os brasileiros e passaram esse interesse, segundo fontes da diplomacia brasileira. Afirmaram ainda que algumas restrições impostas pelo governo anterior de Alberto Fernández não se justificam.
Sobre o Mercosul propriamente dito, a ideia passada foi da necessidade de aprimoramento e ampliação de efetividade, inclusive, com a defesa de mais acordos externos para o bloco.
Outros sinais sobre os rumos da relação foram dados com mais ênfase em um encontro nesta segunda-feira (11) no Palácio San Martin, que funciona como um cerimonial do Ministério das Relações Exteriores argentino.
Ali se encontraram diplomatas e empresários brasileiros e argentinos com a presença da nova chanceler do país vizinho, Diana Mondino. Neste encontro foram apresentadas demandas e dúvidas dos dois lados e segundo os presentes foram dados dois recados sobre temas específicos do comércio entre os países.
Mondino disse que o interesse do novo governo era acabar com restrições a remessas de recursos entre os dois países e também a importação de insumos. Mas pediu, ainda segundo relatos, paciência para o fim dessas restrições e que elas estavam sob análise cuidadosa da nova equipe econômica.
A aposta da diplomacia brasileira é de que as relações avancem neste primeiro momento nos aspectos comerciais e que eles sejam o motor de um amadurecimento da relação pessoal entre os dois presidentes, Javier Milei e Luiz Inácio Lula da Silva.
Não há, neste sentido, uma preocupação grande para que um encontro ou telefonema entre ambos ocorra no curto prazo. A leitura é de que isso não é essencial neste momento. O foco inicial é manter e aprofundar as relações comerciais.
Diplomatas brasileiros têm elogiado Diana Mondino e avaliado que ela se cercou de diplomatas de carreira no seu ministério, o que foi considerado um sinal importante.
Os gestos diretos de Milei ao chanceler Mauro Vieira também foram considerados muito promissores. Ambos conversaram por cerca de dez minutos durante a posse no domingo, momento em que Milei teria dito a Vieira que pretende trabalhar com “os irmãos brasileiros”. Vieira disse que já havia sido embaixador em Buenos Aires, ao que Milei disse que a Argentina “sempre será sua casa”.