A China está controlando os protestos contra restrições da covid-19. De acordo com a “Folha de São Paulo”, autoridades do país já começaram a abrir inquéritos para apurar a participação de cidadãos em protestos.
Dois manifestantes que participaram dos atos em Pequim no final de semana disseram à agência “Reuters” que foram intimados a comparecer a delegacias para prestar depoimento sobre suas atividades nos protestos. Segundo a “Reuters”, o Departamento de Segurança Pública de Pequim não explicou como esses manifestantes foram identificados.
Recentemente, grandes universidades da China suspenderam as aulas presenciais por conta dos atos. De acordo com a “Associated Press”, várias instituições em Pequim alegam que a medida se deve a uma estratégia de contenção da alta de casos de Covid-19.
China: protestos contra lockdowns se intensificam no país
Os protestos contra as restrições pela covid na China se intensificaram no fim de semana. Milhares de pessoas foram às ruas de Xangai para protestar contra as restrições. Muitos dos presentes exigiram a renúncia do presidente Xi Jinping.
O estopim ocorreu após um incêndio que matou 10 pessoas num bloco de apartamentos em Urumqi, capital da região autónoma de Xinjiang Uyghur, no oeste da China. Muitos apontam o confinamento em prédios como causa das mortes no incêndio.
Embora as autoridades chinesas neguem que essa tenha sido a causa, as autoridades de Urumqi emitiram um raro pedido de desculpas na última sexta-feira (25), prometendo “restaurar a ordem” removendo gradualmente as restrições.
Em Pequim, centenas, senão milhares, de manifestantes marcharam na noite de domingo (27). Segundo o “Valor”, um manifestante de 27 anos, que disse ter trabalhado por anos como consultor de risco político, levava um buquê de flores em homenagem aos mortos de Urumqi. Como outros, ele manifestou sua frustração tanto com a resposta da China à covid quanto com o clima político sob o governo de Xi.
Uma forte presença policial encurralou manifestantes perto do rio Liangmahe. “Liberdade”, gritavam os manifestantes juntos. Protestos assim são raros na China, onde a repressão à dissidência se intensificou na última década.
A ocorrência de protestos sobre uma mesma questão em várias cidades chinesas é algo quase inédito. Desde os protestos na Praça da Paz Celestial, em 1989, o Partido Comunista da China permite certas manifestações locais, mas sempre impediu atos de escala nacional.