O governo da China está avaliando um pacote de medidas bilionário para estabilizar o mercado de ações. De acordo com fontes ouvidas pelo Bloomberg, o movimento ocorre após tentativas frustradas de restaurar a confiança dos investidores, que levaram o primeiro-ministro Li Qiang a pedir medidas “enérgicas”.
As autoridades chinesas querem canalizar cerca de 2 trilhões de yuans (US$ 278 bilhões) para um fundo de estabilização. Os recursos viriam principalmente das contas no exterior das empresas estatais chinesas e seriam usados para comprar ações, especialmente na Bolsa de Hong Kong, que vem sofrendo fortes perdas.
No ano passado, o índice Hang Seng caiu quase 14%, tornando-se um dos índices de referência com pior desempenho em todos os grandes mercados. Nesta terça-feira, ele subiu 2,6%, após notícias sobre o pacote e a posição do primeiro-ministro.
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Ainda segundo a publicação, o governo também reservou pelo menos 300 bilhões de yuans de fundos locais para comprar ações negociadas nas bolsas chinesas por meio da China Securities Finance Corp. ou da Central Huijin Investment, disseram as fontes.
As medidas mostram o elevado senso de urgência entre as autoridades chinesas para conter uma onda de vendas de papéis que levou o índice de referência CSI 300 a uma mínima de cinco anos esta semana.
No total, mais de US$ 6 trilhões foram eliminados do valor de mercado das ações chinesas e de Hong Kong desde o pico atingido em 2021.
Acalmar os pequenos investidores do país, muitos dos quais foram prejudicados pela prolongada crise imobiliária, também é visto como fundamental para manter a estabilidade social.
A formação de um fundo de estabilização apoiado pelo Estado tem sido cogitada pelo menos desde outubro, embora alguns investidores tenham levantado dúvidas sobre sua eficácia, já que os esforços de resgate anteriores de Pequim nem sempre funcionaram.
Instrumento já usado
Durante a crise de 2015, Pequim utilizou a China Securities Finance Corp. como seu principal veículo de estabilização. Recursos foram usados para comprar ações diretamente e fornecer liquidez às corretoras. Mesmo assim, a turbulência só terminou um ano depois.
Desta vez, as autoridades estão tentando usar dinheiro externo para minimizar o impacto sobre um yuan já enfraquecido, disseram as fontes.
Apesar da alta na Bolsa de Hong Kong hoje, analistas estão céticos quanto aos efeitos do pacote. As ações em Xangai, Shenzhen e Hong Kong perderam terreno como resultado da desaceleração do crescimento econômico na China, de uma crise financeira não resolvida no setor imobiliário e do agravamento das tensões entre Pequim e Washington.
Operadores de mercado disseram que os comentários de Li fizeram com que alguns fundos globais começassem a comprar estrategicamente ações subvalorizadas em Hong Kong, onde as ações já haviam caído cerca de 10% este ano. Mas eles acrescentaram que os ganhos seriam efêmeros se o apoio estatal não se concretizasse.
