Pouco mais de duas semanas após o trágico acidente de helicóptero que vitimou Ebrahim Raisi no final de maio, a lista de candidatos iranianos aprovados para sucedê-lo surpreendeu com a inclusão de um nome inesperado: Masoud Pezeshkian.
Alinhado aos reformistas, Pezeshkian havia sido barrado na eleição de 2021 que levou Raisi ao poder. Com 16,3 milhões de votos, Pezeshkian venceu o ex-chanceler Saeed Jalili no segundo turno, realizado nesta sexta-feira (5).
Na madrugada deste sábado (6), autoridades iranianas anunciaram a vitória de Masoud Pezeshkian como o novo presidente do Irã. Pezeshkian, que disputava o segundo turno contra o diplomata ultraconservador Saeed Jalili, é visto como um moderado e reformista e assumirá o comando do país após a morte de Raisi.
A votação, que foi prorrogada três vezes, registrou baixa participação com cerca de 50% de comparecimento. Segundo dados oficiais, Pezeshkian obteve 53% dos votos.
Conhecido como “doutor” pela imprensa local, Pezeshkian teve que lutar para validar suas credenciais reformistas e superar a apatia generalizada do eleitorado, nem sempre com garantias de sucesso.
Pezeshkian na presidência: mais chances de diálogo com outras nações?
Aos 69 anos, o novo presidente Masoud Pezeshkian defende uma reaproximação com países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, visando o fim das sanções que prejudicam a economia iraniana.
Pezeshkian, crítico das políticas de moralidade do Irã, propõe o relaxamento da lei sobre o uso obrigatório do véu para as mulheres. No entanto, ele afirmou que não pretende realizar mudanças radicais na teocracia iraniana, deixando claro que o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, terá a palavra final nas decisões.
Mesmo assim, parte da população vê seu governo como uma oportunidade para o Irã se abrir mais ao mundo. Sua campanha recebeu apoio de vários políticos influentes, incluindo ex-presidentes.
Pezeshkian assume a presidência em meio a tensões no Oriente Médio. Em abril, o Irã lançou um ataque contra Israel em resposta a um bombardeio que atingiu um consulado iraniano na Síria, aumentando os temores de uma nova escalada no conflito regional.