A semana no cenário doméstico pode ficar mais esvaziada em decorrência da chegada do carnaval, mas o mercado segue atento a divulgação CPI dos EUA, indicador que mede a inflação norte-americana. O dado, que será divulgado nesta terça-feira (13), pode ser um divisor de águas para os juros do país, como explica Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
“Esse CPI pode ser um divisor de águas entre a alta ou não dos juros. Os EUA ainda não precificaram o CPI, temos uma divergência de opiniões muito grande lá dentro do Fed, entre Jerome Powell e os Fed boys. Se vier uma inflação mais baixa, Powell vai levantar a mão e dizer que estava certo, mas, caso venha acima do esperado, os Fed boys vão falar que estavam certos”, explicou Cohen em entrevista ao BP Money.
Analista aponta volatilidade nos mercados pós-CPI dos EUA
Por conta desse impasse interno, o especialista acredita que haverá grande volatilidade no mercado após a divulgação, marcada para as 10h30 (horário de Brasília). “Acho que só depois o mercado pode começar a ter um norte do que acontecerá nos próximos meses”.
O consenso Refinitiv prevê que o indicador tenha avançado 0,4% em janeiro na comparação com dezembro. Em bases anuais, prevê alta de 6,2%. Para o núcleo do CPI, o consenso aponta para alta de 0,4%, na comparação mensal, e de 5,5% na anual.
“É o indicador mais importante da semana, e o mercado vai voltar todas as atenções para ele, já podemos ver alguns agentes ajustando suas projeções para o juros americano, com projeções de uma taxa terminal para esse ano saindo do intervalo entre 4,50%-4,75%, para um intervalo acima de 5%, devido ao mercado de trabalho muito forte que observamos no último Payroll”, avaliou André Fernandes, Head de Renda Variável e Sócio da A7 Capital.
“O FED deve pesar a mão no juros para tentar baixar mais rapidamente a inflação por lá, que se encontra em 6,5% atualmente”, projetou Fernandes.
Na última semana, o Departamento de Trabalho dos EUA anunciou que o país criou 517 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola em janeiro, muito acima do esperado. Já a taxa de desemprego ficou em 3,4% em janeiro.
“O Payroll que foi divulgado recentemente veio muito alto, inclusive não me lembro de um número assim nos últimos tempos, e isso traz um reflexo de muitos empregos criados além de um desemprego baixo, a expectativa é que a inflação possa vir um pouco mais alta que o esperado, mas a projeção é que ela caia. Quando isso acontece é muito bom”, afirmou Cohen.
Por fim, Fernandes não crê em corte de juros em 2023, na contramão do que o mercado colocava no preço dos ativos. “O juros por lá deve se manter alto ao longo de todo o ano de 2023, e um possível corte na taxa de juros por lá deve ocorrer somente no 1° semestre de 2024, dependendo dos dados até lá”, concluiu o Head de Renda Variável e Sócio da A7 Capital.