Mesmo após ter vencido as primárias das eleições para a Presidência da Argentina, Javier Milei, segue firme em sua área de formação. Economista, o candidato à Casa Rosada é um trader conhecido no país vizinho e mantém em seu perfil no Instagram – que tem 2,5 milhões de seguidores – um link que direciona para a N&W, site que oferta cursos para quem quer se aprofundar nos conhecimentos do mercado financeiro.
Perfil oficial de Javier Milei no Instagram / Foto: Reprodução
Na página principal do site, a N&W informa que é uma plataforma que oferece “treinamentos voltados para que o aluno obtenha as melhores ferramentas e conhecimentos necessários para aprender a investir profissionalmente”.
Rolando mais um pouco na home, quem visita o site pode visualizar um vídeo do próprio Milei estimulando os interessados a fazer a matrícula no curso.
“Se você deseja obter o conhecimento certo para aprender a investir seriamente, recomendo fazer o treinamento da N&W Professional Traders”, diz Milei.
O radical Milei, se formou em Economia pela Universidade de Belgrano e obteve dois mestrados na área. Além de sua carreira acadêmica, na qual lecionou por mais de 20 anos, ele também trabalhou como consultor para grandes grupos financeiros, como o HSBC, e para figuras proeminentes no meio empresarial, como Eduardo Eurnekian, um dos homens mais ricos da Argentina e principal nome da Corporación Americana Internacional.
Propostas polêmicas em meio ao caos
Javier Milei saiu como o grande vencedor das eleições primárias da Argentina. Deputado em primeiro mandato, o populista de extrema-direita lidera a corrida presidencial do país com um discurso “contra o sistema”.
Ele acredita que o Banco Central deve ser destruído, é a favor da legalização da venda de órgãos, prega que mudanças climáticas são “mentiras socialistas” e que a educação sexual é uma manobra para destruir as famílias. Ele ainda expressou a intenção de eliminar o recém-estabelecido Ministério da Mulher e uma instituição governamental que aborda questões relacionadas ao racismo, restringiria o acesso ao aborto e simplificaria a aquisição de armas em um país onde armas de fogo de origem doméstica são escassas.
Comparado com figuras como Jair Bolsonaro e Donald Trump, o argentino faz parte da “onda” de extrema-direita que avança sobre a America Latina. Com discursos contra a corrupção, Milei surge em meio a uma Argentina devastada pela crise econômica e desponta em meio ao eleitorado cansado da classe política que não consegue resolver o problema. A centro-direita e a esquerda alternaram no poder nos últimos anos, mas nenhuma conseguiu conter a inflação, que atingiu 118% ao ano, ou a disparada do dólar.
Milei sustenta que pode controlar o aumento dos preços ao abandonar a moeda local e adotar o dólar americano como substituto – uma medida que muitos economistas alertam que poderia provocar perturbações financeiras.
Embora os poucos detalhes revelados por Milei sobre sua agenda causem confusão entre os principais economistas, os cidadãos argentinos ansiosos por encontrar uma nova direção parecem não demonstrar grande preocupação diante de suas declarações sobre “queimar” o banco central. Multidões celebram quando ele descreve os políticos como infratores, saqueadores e criminosos responsáveis por prejudicar a economia.