O FMI (Fundo Monetário Internacional) fez um alerta sobre o crescimento acelerado da dívida pública global. Segundo a organização, o montante deve ultrapassar os US$ 100 milhões, uma vez que o atual cenário político favorece o aumento dos gastos e o crescimento lento amplia as necessidades e os custos dos empréstimos.
O relatório Monitor Fiscal do FMI mostrou que a dívida pública global atingirá 93% do PIB (Produto Interno Bruto) global até o final de 2024 e se aproximará de 100% até 2030.
Isso ultrapassaria seu pico de 99% durante a pandemia da Covid-19 e aumentaria 10 pontos percentuais em relação a 2019, antes de a pandemia explodir os gastos governamentais.
“A incerteza da política fiscal aumentou, e as linhas vermelhas da política tributária se tornaram mais arraigadas […] as pressões de gastos para lidar com as transições ecológicas, o envelhecimento da população, as preocupações com a segurança e os desafios de desenvolvimento de longa data estão aumentando”, destacou o FMI.
O FMI reiterou seu apelo por mais controle fiscal, dizendo que o ambiente atual com crescimento sólido e baixo desemprego é um momento oportuno para isso. Mas disse que os esforços atuais, com uma média de redução da dívida em 1% do PIB durante os seis anos de 2023 a 2029, são insuficientes para diminuir ou estabilizar as dívidas.
Segundo a organização, seria necessário um aperto cumulativo de 3,8% para atingir a meta. Porém, em países como EUA e China, onde não há previsão de estabilização do PIB, seria necessário um aperto fiscal substancialmente maior.
O Fundo disse que os EUA e outros países onde a dívida deve continuar crescendo, incluindo Brasil, Reino Unido, França, Itália e África do Sul, poderão enfrentar consequências onerosas.
IFI: Dívida pública deve alcançar 80% do PIB em 2024 e seguir crescendo
A IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão do Senado, chamou atenção para a dificuldade do governo no que diz respeito aos gastos públicos em seu novo Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF). Segundo o órgão, a dívida pública deve chegar a valor equivalente a 80% do PIB (Produto Interno Bruto) este ano.
Ainda de acordo com o relatório, a dívida deve continuar crescendo no curto prazo. Para a Presidência da República, a dívida terminará 2024 em 76,6% e não chegará a 80%, segundo projeção feita até 2034. É o que consta nos anexos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025 (PLN 3/2024), ainda em análise pelos parlamentares.
O indicador permite comparar se a soma do que o poder público deve é compatível com a produção do país como um todo e é uma forma de medir a saúde fiscal e orçamentária da nação. Desde 2014, a dívida bruta apresenta insistente crescimento.
Em julho, segundo o BC (Banco Central), o valor da dívida era de R$ 8,8 trilhões.
Na avaliação da IFI, o controle dos valores devidos depende de a União arrecadar mais do que gasta (superávit primário). Mas o governo enfrenta desafios, por exemplo, com o aumento da taxa básica de juros – elevada para 10,75% na última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) – que encarece os financiamentos do governo.
O aumento nos gastos e as dificuldades em aumentar as receitas também causam dificuldades na gestão, segundo a IFI.
“O crescimento insustentável da dívida pode comprometer o espaço fiscal do país [possibilidade de ampliar gastos e investimentos], aumentando o risco de uma crise de confiança ou a necessidade de ajustes fiscais mais rigorosos”, diz o relatório.