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EUA: balanço dos bancos é 'aquém', em linha com projeção do mercado

Em meio aos receios a respeito da saúde da economia global, já era esperado uma contração no caixa dos grandes bancos

A temporada de balanço dos grandes bancos dos Estados Unidos do quarto trimestre de 2024 apresentou resultados que fugiam da robustez e entregavam a realidade de uma economia amena. É que aponta a análise dos especialistas em resposta ao BP Money.

O analista da Terra Investimentos, Luis Novaes, afirma que, em meio aos receios a respeito da saúde da economia global, já era esperado uma contração no caixa dos grandes bancos. 

“De modo geral, pode-se dizer que o desempenho dos bancos foi fraco, mas esperado pela deterioração do cenário macroeconômico global, não só da economia americana. Como exemplo, os resultados do Citi foram significativamente impactados por operações fora dos EUA, algo que também foi notado em resultados dos bancos europeus”, avalia.

Renato Nobile, analista da Buena Vista Capital, concorda afirmando que ao fazer uma avaliação sobre os dados divulgados, “os bancos tiveram resultado bem aquém”. De acordo com sua análise, houve uma influência dos juros americanos, bem como o tom contido no crescimento econômico estadunidense, como principais fatores para as perdas das instituições.

“O juros americano, complicou bastante o resultado. Apesar de terem margens maiores nos empréstimos, houve menos negociação e isso atraiu menos negócios para o banco. Além disso, o segundo ponto foi, claro, a crise regional enfrentada em março do ano passado. Houve, principalmente, a participação dos bancos comerciais, como o JP, o CIT, e o Pro Bank of America e o Well Fargo, ajudando no resgate dos bancos regionais. Então isso acaba afetando o resultado no ano como um todo”, explica.

Resultados

O destaque negativo apontado pelos profissionais foi o balanço do CitiGroup, que registrou queda anual de 3% na receita. Além disso, foi reportado um prejuízo líquido de US$ 1,8 bilhão, ou US$ 1,16 por ação, no último trimestre de 2023. Na comparação anual, o banco havia registrado um lucro líquido de US$ 2,5 bilhões, ou US$ 1,16 por ação no ano anterior.

“O Citi teve perda de US$ 1,8 bilhões e também anunciou um corte de 10% da sua força de trabalho. Isso é consequência de estratégias equivocadas do banco, principalmente pós a crise de 2008. Então, entre os principais bancos nos Estados Unidos, ele tem um menor valor de mercado e vem perdendo esse território”, afirma Nobile

“O resultado mais negativo foi o Citi, Considerando o resultado significativamente abaixo das expectativas e um dos piores da história recente do conglomerado. Os resultados sofreram os efeitos negativos da exposição do banco a mercados estressados, como a Rússia e Argentina, reduzindo significativamente os ganhos do conglomerado”, analisa Novaes.

Entre os pontos positivos houveram diferentes destaques. O maior banco estadunidense, o JP Morgan Chase, foi citado citado em concenso como um bom resultado, dentro deste cenário. A instituição teve um lucro de US$ 9,31 bilhões, o equivalente a US$ 3,04 por ação, nos três meses encerrados em 31 de dezembro. Isso se compara a US$ 11,01 bilhões, ou US$ 3,57 dólares, um ano antes. Sobre seu lucro, o banco encerrou 2023 renovando recorde, ao registrar um balanço de  US$ 49,6 bilhões.

“Os resultados também foram afetados pelos recursos destinados para a recomposição do FDIC após os resgates às instituições realizados ao longo do ano. Nesse contexto, o JP Morgan se beneficiou da aquisição do First Republic Boston, o que ampliou a carteira de empréstimos da instituição e trouxe efeitos positivos para o resultado, apesar do sentimento de cautela entre os depositários”, destacou o analista Novaes.

Os bancos Morgan Stanley e o Goldman Sachs foram apontados por Nobile como resultados sólidos. Enquanto o Morgan Stanley teve um lucro do quarto trimestre de 2023 de US$ 1,517 bilhão, 32% abaixo dos US$ 2,236 bilhões registrados em igual período de 2022; o Goldman Sachs lucrou US$ 2 bilhões para o quarto trimestre, 51% acima do registrado em igual período de 2022, de US$ 1,33 bilhão.

O Wells Fargo entra como avaliação nula, ainda segundo a ótica do analista da Buena Vista Capital. 

“O Wells Fargo não vai entrar no destaque, nem positivo, nem negativo, porque ele teve um resultado melhor, porém é importante levar em consideração que o banco está vindo de uma reestruturação de mais de cinco anos, principalmente depois daquela crise interna que eles tiveram com fraudes bem relevantes, e pagaram multas bilionárias por conta disso”, comenta.

Bancos são impacto pela juros dos EUA

Os economistas explicam que a imposição de taxas de juros elevadas teve repercussões desfavoráveis sobre determinadas instituições bancárias, dado o aumento das provisões bancárias decorrente da diminuição da qualidade do crédito. As falências bancárias no início do ano constituíram outro elemento de significativa importância, originando-se de uma administração inadequada diante de um contexto de elevação das taxas de juros. 

Embora a recomposição do FDIC tenha exercido impacto relevante nos resultados de maneira global, sua natureza não recorrente limita sua influência nas projeções de longo prazo dos bancos. As instituições com maior exposição ao mercado de capitais também experimentaram desafios devido à crescente aversão dos investidores ao risco, resultando em penalizações para ofertas públicas e fusões.

Em paralelo a isso, o Diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e uma das vozes mais influentes do atual Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), Christopher Waller trouxe um tom mais conservador e reduziu as expectativas do mercado de que o ciclo de corte se inice em março.  A autoridade admitiu que o banco central norte-americano deve realizar cortes de juros em 2024, mas a um ritmo mais lento do que em outros ciclos recentes de flexibilização monetária. 

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