Fora do cenário doméstico, o mercado financeiro internacional enfrenta uma forte turbulência. O ambiente de incerteza é impulsionado por fatores que podem ser resumidos em tensões geopolíticas e preocupações dos rumos monetários da economia norte-americana. Em entrevista ao BP Money, Marcel Andrade, Head de Fundos da SulAmérica Investimentos, avaliou que a atual conjuntura reduz a atratividade da renda variável estrangeira neste mês de novembro e consequentemente qualquer carteira ligada diretamente a este mercado.
Somado a isso, o atual conflito entre Israel e Hamas, e seus desdobramentos, agravaram ainda mais o ambiente de incertezas em que já trabalhavam os bancos centrais, tanto nos países desenvolvidos quanto nas economias emergentes.
“Fundos com exposição à renda variável no exterior nos parecem com uma relação risco x retorno menos atrativa neste momento”, afirmou o especialista.
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A crescente preocupação com os rumos da política monetária do Federal Reserve (Fed), Banco Central dos Estados Unidos, seria um dos principais motivos para o cenário de desvantagem, explica Andrade. O temor pairado no ar encontra embasamento na inflação estadunidense, que atualmente conta com um elevado patamar nas taxas de juros, além de expectativas de possíveis conservação da mesma em um cenário de longo prazo, gerando incerteza ou até mesmo pessimismo.
Neste cenário, o Fed divulgou nesta segunda-feira (13) uma pesquisa que sossegou ligeiramente os ânimos do mercado, ao informar a expectativa de queda na inflação de 3,7% em setembro para 3,6% em outubro. Já nos horizontes de 5 anos, a autarquia monetária norte-americana prevê uma queda de 2,8% para 2,7%; mas as de 3 anos se mantiveram em 3,0%. Em suma, a pesquisa da autarquia aponta para uma melhoria econômica dos Estados Unidos gradual, mas o controle da inflação ainda é incerto.
“Com a manutenção pelo Fed da taxa de juros em um patamar elevado por um período mais longo, acreditamos que em algum momento a economia americana pode dar sinais de enfraquecimento, afetando assim o resultado das empresas”, comenta o especialista em fundos da SulAmérica Investimentos sobre o contexto geral.
Impacto nos Fundos de investimentos com exposição à rv no exterior
Andrade explica que as taxas de juros mantidas em níveis historicamente altos, existe a possibilidade de ocorrer um fenômeno conhecido como “migração de ativos”. Isso significa que os investidores podem optar por transferir parte de seus fundos de investimentos de ativos considerados mais arriscados, como ações, para investimentos em renda fixa, que são tradicionalmente vistos como mais seguros.
Essa migração de recursos ocorre porque as taxas de juros mais elevadas oferecidas pelos investimentos em renda fixa tornam essas opções mais atrativas do que os ativos de risco, como ações, que podem ser mais voláteis e suscetíveis a flutuações significativas. Investidores em busca de retornos mais estáveis e previsíveis podem optar por alocar seu capital em títulos de renda fixa, como títulos do governo ou títulos corporativos com taxas de juros atraentes.
“Com as taxas de juros em patamares elevados historicamente, em algum momento também podemos observar a migração de recursos de investidores dos ativos de risco, buscando a segurança da renda fixa”, resume o economista.
