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FMI orienta a Milei proteger setores mais vulneráveis da Argentina

A Argentina mantém um acordo de crédito de US$ 44 bilhões com o FMI

O Fundo Monetário Internacional (FMI) instou o presidente Javier Milei a salvaguardar os estratos sociais mais desfavorecidos da Argentina enquanto avança com suas políticas econômicas ultraliberais e busca eliminar o déficit fiscal.

“As medidas concretas adotadas para cumprir com a âncora fiscal devem ser calibradas para garantir que a assistência social continue sendo prestada e que o peso não recaia totalmente sobre os grupos mais pobres”, declarou a subdiretora do FMI, Gita Gopinath, em uma entrevista ao jornal La Nación publicada neste domingo (25).

A Argentina mantém um acordo de crédito de US$ 44 bilhões, (valor equivalente a R$ 219 bilhões, levando em conta a atual cotação), com o FMI. A representante do fundo visitou o país na quinta e sexta-feira para uma avaliação pessoal do progresso e para se reunir com Milei e membros de seu governo. Além disso, encontrou-se com economistas, sindicalistas e representantes de organizações sociais que solicitam maior assistência do governo.

Nos primeiros dois meses e meio de gestão, o governo enfrentou uma desvalorização cambial de 50%, implementou a completa liberalização de preços, desregulamentou diversos setores e realizou cortes significativos para alcançar o objetivo de déficit fiscal zero até o final do ano. Essas medidas são consideradas o principal remédio para conter uma inflação de 254,2% e reverter uma taxa de pobreza que ultrapassa os 50%.

Argentina sob a presidência de Javier Milei 

Na última semana, a Argentina alcançou dois marcos notáveis que destacam tanto os desafios quanto às conquistas sob a liderança do presidente Javier Milei. Primeiramente, o Ministério da Economia anunciou um feito inédito em mais de uma década: um excedente fiscal, indicando que o país arrecadou mais do que gastou, uma ocorrência rara na história recente da nação sul-americana.

Pouco depois, o respeitado Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA) divulgou um dado alarmante: a taxa de pobreza em janeiro ultrapassava os 57%, atingindo seu nível mais alto desde a crise de 2001/2002.

Esses números refletem as duas faces da Argentina sob a liderança de Milei, o economista libertário que assumiu o cargo em dezembro passado com a promessa de revitalizar a economia do país, marcada por décadas de crises recorrentes, e reduzir a inflação, que atualmente é a mais alta do mundo.