Os eleitores franceses estão participando do segundo turno de uma eleição antecipada, convocada pelo presidente Emmanuel Macron.
Ele enfrenta a possibilidade de perder muitos de seus aliados centristas no parlamento e ter que governar os três anos restantes de seu mandato em uma aliança incômoda com a extrema-direita.
As últimas projeções indicam uma possível vitória do partido de extrema-direita Rassemblement National (Reunião Nacional), liderado por Marine Le Pen, a principal adversária de Macron. De acordo com uma pesquisa da Harris Interactive, o partido deve obter entre 185 e 215 assentos no Parlamento, enquanto a Nova Frente Popular, um bloco de partidos de esquerda, pode conquistar entre 168 e 198 assentos.
Outra pesquisa, realizada pela Ipsos/Talan, prevê que o RN conseguirá entre 170 e 205 cadeiras, enquanto a NFP terá entre 145 e 175. Este pleito representa a primeira chance da extrema-direita de retomar o poder na França desde a ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Após liderar o primeiro turno de votação no domingo passado (30), o partido de extrema-direita Reunião Nacional (RN), liderado pelo jovem de 28 anos Jordan Bardella e sob a supervisão da veterana Marine Le Pen, está mais próximo do poder do que nunca.
Com uma nova abordagem anti-imigração apresentada por Bardella, o RN conquistou 33% dos votos no primeiro turno. A coligação de esquerda recém-formada, Nova Frente Popular (NFP), ficou em segundo lugar com 28%, enquanto a aliança de Macron caiu para um distante terceiro lugar com 21%.
A possibilidade de um governo de extrema-direita – o primeiro na França desde o regime de Vichy na Segunda Guerra Mundial – mobilizou o Ensemble e a NFP a tomar medidas. Em uma semana de intensas negociações, centenas de candidatos renunciaram a determinadas candidaturas para tentar evitar que o RN alcançasse a maioria absoluta.
A votação começou às 8h, horário local (3h no horário de Brasília), quando a França iniciou o processo de eleição dos 577 membros da Assembleia Nacional, onde são necessários 289 assentos para uma maioria absoluta. No parlamento anterior, a aliança de Macron tinha apenas 250 assentos e precisava do apoio de outros partidos para aprovar leis.
As urnas fecharão às 20h no horário local (15h no horário de Brasília) neste domingo, com os resultados completos esperados para a segunda-feira (8).
Como funcionam as eleições parlamentares francesas
Na França, serão eleitos 577 deputados para a Assembleia Nacional, equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil.
As eleições foram convocadas antecipadamente no início de junho pelo presidente Emmanuel Macron, após um desempenho ruim de seu partido e o avanço da extrema direita nas eleições para o Parlamento Europeu. Macron tomou a decisão arriscada e surpreendente de dissolver o Legislativo francês para marcar uma nova votação.
O sistema político francês é semipresidencialista. Isso significa que os eleitores escolhem os partidos que comporão o Parlamento.
A sigla ou coalizão que obtiver mais votos indica o primeiro-ministro, que governa em conjunto com o presidente, eleito separadamente por eleições presidenciais diretas. Para obter maioria na França, são necessárias 289 cadeiras.
Na França, o sistema eleitoral parlamentar divide o país em distritos, onde os candidatos precisam obter mais de 50% dos votos para serem eleitos diretamente no primeiro turno.
Caso contrário, os dois candidatos mais votados, além dos que têm mais de 12,5% dos votos, avançam para o segundo turno.
Este domingo, mais de 300 distritos estão realizando segundos turnos, onde estratégias como desistências de candidatos menos votados podem influenciar os resultados.
A dinâmica política entre os partidos é crucial neste período de uma semana entre os turnos para definir alianças ou estratégias de apoio, impactando diretamente a incerteza do resultado.