A Argentina registrou inflação de 60,7% em maio na comparação com o mesmo mês em 2021, consolidando o maior índice nos últimos 30 anos. De acordo com o Instituto Nacional de Estatísticas e Censo (Indec), o indicador da inflação ao consumidor avançou 5,1% em maio em relação a abril.
A alta registrada em maio mostra uma desaceleração em relação ao mês de abril, quando o índice avançou 6% na comparação com o mês imediatamente anterior. No entanto, houve aumento no acumulado dos últimos 12 meses, pois, em abril, este se encontrava em 58%. Em 1992, a última vez em que a Argentina registrou um valor tão alto no inflação, o país saía de um período de hiperinflação, e o índice anual chegou a 76%.
Leia também: Argentina anuncia imposto sobre “ganhos inesperados” de empresas
Segundo os dados do Indec, o equivalente argentino ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta quarta-feira (15), o índice foi impulsionado pelo setor de saúde, que teve alta de 6,2% no período, devido à variação nos preços de medicamentos.
Logo em seguida, aparece o setor de transportes, que avançou 6,1%, alta causada pelo aumento nos preços dos combustíveis. No começo do mês, foi divulgado que o país já está sofrendo com escassez de diesel, com 8 províncias argentinas apresentando pouca ou nenhuma oferta de diesel nos postos de combustíveis.
Os dados do Indec servem como indicadores e base para a criação de políticas públicas, inclusive direcionando o governo argentino no combate à inflação no país.
Cenário econômico na Argentina não é favorável
A meta definida para 2022 pelo governo junto do FMI (Fundo Monetário Internacional) é de 38% a 48%. Para medida de comparação, o valor acumulado da inflação da Argentina nos últimos 12 meses, de 60,7%, é bem mais alto do que seus pares latino-americanos: No Brasil, Chile, Colômbia e México, a inflação acumulada até maio ficou em 11,7%, 11,5%, 9,1% e 7,7%, respectivamente. A Argentina só perde para a Venezuela, onde o índice chegou a 151%.
Nesta semana, foi divulgado que o governo argentino está tentando renovar títulos de dívida com vencimento em junho para evitar um cenário de calote no mercado doméstico. No entanto, o ambiente não é favorável, com os mercados externos apresentando alta volatilidade e os investidores buscando mercados menos arriscados.
Na segunda-feira (13), o dólar atingiu a maior variação diária em dois meses em relação ao peso argentino, estabelecendo um novo recorde. Na segunda, o dólar superou os 122 pesos argentinos.