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Iraque: petróleo pode ser afetado com crise, diz analista

O Iraque enfrenta crise após manifestantes invadirem o palácio presidencial do governo. A invasão foi uma reação ao anúncio do clérigo xiita Moqtada al-Sadr

O Iraque vem enfrentando uma crise após manifestantes invadirem, nesta segunda-feira (29), o palácio presidencial do governo do país. A invasão foi uma reação ao anúncio do clérigo xiita Moqtada al-Sadr. Para Sidney Lima, analista da Top Gain, o conflito pode afetar o petróleo, já que o país é o sexto maior produtor do mundo. 

“O mercado tende a temer uma derrubada do governo atual do Iraque, por uma frente mais a favor de Moqtada Sard. Se essa frente no comando optar por atritar as relações com o ocidente relacionadas com o petróleo produzido pelo pais, é possível que tenhamos uma escalada pontual dos preços da comodditie”, explicou Lima em entrevista ao BP Money.

Nesse contexto, a relação oferta e demanda seria abalada, já que o próprio Sadr já comandou milícias contra o governo iraquiano e os Estados Unidos. “É justamente esse histórico que pode abalar a relação de fornecimento, bem com isso impulsionar ainda mais a crise no país”, pontuou o analista. 

al-Sadr é um dos políticos mais influentes e poderosos do Iraque e já foi até buscado pelos EUA. O líder anunciou que irá abandonar a vida política do país. 

“A sua saída pode abrir brechas para que alguns problemas possam aumentar, tendo em vista a fidelidade de boa parte da população”, salientou Lima.

Al-Sadr venceu as últimas eleições realizadas no Iraque, em outubro de 2021, mas não conseguiu, até hoje, a maioria necessária no Parlamento para governar. Desde então, ele vem tentando formar governo, mas enfrenta oposição de outros grupos xiitas.

“Contudo alguns rivais, pró-Iranianos defendem a criação de um governo para posteriormente uma nova eleição, um grande risco de instabilidade do país que sem dúvida tende a impactar outros países”, completou o especialista. 

A agência de notícias estatal do Iraque, a INA, afirmou que al-Sadr anunciou uma greve de fome até que a violência acabe.

Opep+ e Irã também podem impactar petróleo, além do Iraque

Sidney Lima também destaca o possível corte de produção na próxima reunião da Opep+, marcada para o próximo dia 5 de setembro, e as sanções recebidas pelo Irã, em decorrência do acordo nuclear, como fatores importantes que devem impactar o petróleo. 

“Em contexto global o impacto deste caso no petróleo ainda é pontual, considerando os manejos atuais de cortes na produção cogitados pela OPEP+, e a consistente tentativa de retirada das sansões ao petróleo iraniano, que continuam no radar”, disse 

Espera-se que o Irã decida em breve se aceita a proposta da União Europeia (UE) de restaurar o Plano de Ação Abrangente Conjunto de 2015 — uma medida que poderia eventualmente suspender as sanções a Teerã e adicionar mais de um milhão de barris por dia de petróleo ao mercado global.

Os EUA se retiraram do acordo, também conhecido como acordo nuclear iraniano, em maio de 2018, sob o então governo de Donald Trump. O acordo visava restringir as capacidades nucleares do Irã.

“Nesse momento devemos olhar toda a ótica de relação com o petróleo já que o Irã possui um histórico não amistoso na relação comercial com os EUA, porém que tem procurado se alinhar a alguns meses, com isso alguns investidores começam a monitorar”, analisou Lima. 

Em junho, os EUA impuseram sanções a empresas chinesas e dos Emirados Árabes Unidos por ajudar a exportar produtos petroquímicos iranianos. 

Segundo o Correio Braziliense, 15 pessoas tinham morrido nos confrontos e mais de 350 ficaram feridas. Todo o Iraque está sob toque de recolher desde as 19h de ontem (hora de Brasília).