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Livro Bege: maioria dos distritos reportou estabilidade

Relatório serve de base para as decisões de política monetária do Fed

A maioria dos distritos dos Estados Unidos percebeu queda ou estabilidade nos preços de insumos nas últimas semanas, principalmente nos setores de manufatura e construção. A informação consta no Livro Bege, publicado pelo Fed (Federal Reserve, Banco Central do EUA) nesta quarta-feira (17).

O relatório é uma espécie de sumário das condições econômicas do país e serve de base para as decisões de política monetária do BC norte-americano.

Segundo o documento, três distritos reportaram nenhuma mudança significativa nos preços, dois indicaram aumento moderado e seis apontaram leve aumento ou modesto no período.

Além disso, foi reportado também que empresas de três distritos esperam alívio nas pressões de preço em 2024, enquanto empresas de quatro praças esperam pouca mudança nas altas dos valores em 2025.

De acordo com alguns distritos, os juros elevados têm limitado as vendas de automóveis e os negócios no mercado imobiliário. “No entanto, a perspectiva de queda das taxas de juros foi citada por numerosos contatos em vários setores como fonte de otimismo”, aponta o documento.

Desde o fim de novembro, quando foi divulgada a versão anterior do Livro Bege, o Fed também nota que preocupações com o mercado de escritórios, o enfraquecimento da demanda, e o ciclo político de 2024 foram fatores citados como fontes de incerteza para a economia. “No geral, a maioria dos distritos indicou que as expectativas de suas empresas para o crescimento futuro eram positivas, tinham melhorado ou ambos.”

BlackRock vê otimismo excessivo nos cortes de juros do FED

O vice-presidente da conselho da BlackRock, Philipp Hildebrand, disse que se a inflação nos EUA for mais persistente que o esperado, as apostas atuais dos investidores para os cortes de juros do FED podem ser excessivas.

Segundo Hildebrand, que também é ex-presidente do Banco Nacional Suíço, o rápido abrandamento da alta de preços ao consumidor dá aos mercados uma sensação de falta de segurança em relação às pressões subjacentes, mas ainda há pressão sobre os serviços.

Em entrevista à TV Bloomberg durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, Hildebrand fez uma avaliação sobre a queda da inflação. “A inflação de bens vai continuar a cair muito rapidamente – temos agora números negativos – e isso reduz drasticamente os números de inflação […] Com isso, os mercados já precificam o que considero serem provavelmente cortes excessivos de juros nos EUA”, disse.

De acordo com swaps vinculados às datas das reuniões de política monetária do FED, há expectativas de 6 cortes dos juros futuros americanos para 2024 e mais 50% de probabilidade de um sétimo corte. O primeiro deles tem previsão para maio deste ano.

O alerta de Hildebrand é de que os investidores podem descobrir em breve que essa perspectiva está errada. Em sua perspectiva, a preocupação é de estarem precificados para uma quase perfeição, uma espécie de pouso suave quase perfeito, onde a inflação deixou de ser um problema.

“Em algum momento vamos perceber que não é tão fácil estabilizar os preços para as metas de inflação de 2%”, disse ele.

Além disso, Hildebrand fez outro alerta quanto aos aumentos de preços de serviços ainda persistentes e aos salários que continuam com fortes crescimentos. “Haverá fraqueza na economia, não há dúvida sobre isso, mas penso que o que os bancos centrais irão descobrir, particularmente nos EUA, é que não terão tanto espaço para cortar como está atualmente previsto.”