O “Livro Bege”, resumo das atuais condições econômicas dos EUA, foi divulgado na tarde desta quarta-feira (20) pelo Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano). O documento mostrou que o ritmo acelerado da inflação causado por incertezas geopolíticas não apresentou sinal de diminuição.
A divulgação do Livro Bege do Fed causou incertezas acerca do crescimento econômico no futuro. De acordo com o documento, a atividade econômica expandiu-se em ritmo moderado desde meados de fevereiro no país, sendo que diversos distritos relataram bons índices na atividade industrial e ganhos de emprego.
No entanto, as rupturas nas cadeias produtivas, agravadas pelas recentes medidas de contenção do coronavírus na China, e a dificuldade no fornecimento de matérias-primas, ocasionada pela guerra na Ucrânia, são desafios para a maior economia do mundo. O documento menciona picos nos preços de energia, metais e commodities agrícolas
“A atividade industrial foi sólida em geral na maioria dos distritos, mas os atrasos na cadeia de suprimentos, a rigidez do mercado de trabalho e os custos elevados de insumos continuaram a representar desafios à capacidade das empresas de atender à demanda”, diz o texto. Com isso, a inflação continua a preocupar a autoridade monetária, pois a demanda segue superando a oferta no país.
A maioria dos distritos norte-americanos concorda que a pressão inflacionária deve continuar nos meses subsequentes, devido à alta dos preços dos insumos. As observações presentes do Livro Bege devem pautar a reunião do Fed marcada para o começo de maio, quando a autoridade monetária irá discutir o reajuste da taxa de juros nos EUA.
Notícias Relacionadas
Em reação a ameaças de Trump
Dólar tem fechamento recorde, de R$ 6,065
A alta também foi motivada pela repercussão do pacote fiscal anunciado na semana passada
Dizem especialistas
Mercosul-UE: O que esperar da nova rodada de negociações?
Brasil tem boas expectativas para o acordo, mas impasses podem fazer com que ele não se concretize
Livro Bege aponta falta de mão-de-obra nos EUA
O texto do Fed sinalizou uma “falta generalizada de trabalhadores disponíveis” como um dos fatores que limitam as contratações e aceleram o ritmo da inflação. Segundo o documento, o emprego aumentou em ritmo moderado no país, e a demanda por trabalhadores segue forte na maioria dos distritos e setores.
Diversas empresas têm relatado rotatividade significativa, uma vez que funcionários estão trocando de emprego em busca de salários mais altos e horários de trabalho mais flexíveis. Porém, o documento destacou que “alguns contatos comunicaram sinais preliminares de que o forte ritmo de aumento salarial começou a desacelerar”.
O temor com o material divulgado no Livro Bege é de que o aumento das pressões salariais mantenha a inflação acima da meta do Fed, forçando o banco central a tomar medidas mais agressivas, aumentando ainda mais a taxa de juros no país.
