Países da UE (União Europeia) estão pressionando a Comissão Europeia para acelerar os acordos de livre comércio que se encontram paralisados, conforme informações da “Bloomberg”. A pressão ocorre no contexto da guerra da Rússia com a Ucrânia, na medida em que os interesses econômicos e de segurança nacional são ameaçados pelo conflito.
De acordo com o rascunho da carta, ao menos dez nações preparam o pedido à UE para acelerar as negociações atrasadas. Dentre os países membros, encontram-se a República Checa, Dinamarca, Estônia, Finlândia, Alemanha, Irlanda, Letônia, Portugal, Espanha e Suécia.
A carta alerta que o bloco corre o risco de perder espaço para outros países, como o Japão, onde cerca de 80% das operações mercantis são cobertas por acordos de livre comércio. Além disso, conforme o documento, outras nações que se beneficiam desses tipos de pactos comerciais “devem servir de alerta para a Europa”.
Nesse sentido, os membros argumentam que tais acordos se configuram como estratégia necessária para fortalecer a UE, tornando-a menos dependente e vulnerável. Os signatários da carta pedem negociações mais rápidas com Nova Zelândia, Austrália, Índia e Indonésia, assim com a implementação acelerada de acordos firmados com Chile, México e Mercosul.
“A guerra da Rússia na Ucrânia mostra que as escolhas estratégicas da UE não ocorrem no vácuo, mas em um contexto global onde diferentes potências e blocos econômicos disputam a liderança”, segundo o documento, que ainda está sujeito a alterações.
Veja também: EUA e UE: acordo reduz dependência do gás e petróleo russo
Veja também: Rússia se rende ao pagamento de dívida em dólar, mas mercado não descarta calote
Os membros também criticam o processo de implementação de acordos comerciais, tendo em vista a demora das etapas de negociação e assinatura. A UE ainda luta para ratificar seu acordo com o Mercosul concluído em 2019, após quase duas décadas de negociações.
“Se pudéssemos acelerar nosso trabalho para concluir e implementar acordos comerciais negociados, reforçaríamos nossos interesses econômicos e comerciais e aumentaríamos a credibilidade geral da UE como um parceiro comercial sério”, afirmam, em carta.
Acordos da UE podem atrasar com França
Antes da eleição presidencial em abril, a França se opôs ao andamento de acordos comerciais pendentes da UE. O país ocupa a presidência de seis meses do bloco desde janeiro, o que significa que pode definir a agenda política, atuando diretamente nos processos.
Veja também: Macron toma posse para segundo mandato como presidente da França
As negociações comerciais costumam ser controversas na França e, nesse contexto, o país pode definir se pretende acelerar ou atrasar determinadas pautas.
A oposição francesa irritou alguns países membros da UE, principalmente no que diz respeito às discussões com o Chile, um importante parceiro comercial. Isso porque o país tem áreas estratégicas para as transições verde e digital, com acesso ao lítio, material utilizado na construção de baterias e outros componentes de alta tecnologia.