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Mercosul-UE: governo Milei sinaliza a Brasil interesse em fechar acordo 

Argentina mostra interesse em participar de acordo

Antes vista como improvável, a entrada da Argentina sob a presidência de Javier Milei no acordo entre Mercosul e União Europeia dá sinais cada vez mais concretos de que vai sair do papel.

De acordo com a CNN, integrantes do governo do novo presidente argentino disseram a diplomatas brasileiros haver interesse na adesão entre os dois blocos econômicos. .

Segundo a publicação, novos negociadores argentinos do acordo já entraram em contato com os brasileiros e passaram esse interesse, segundo fontes da diplomacia brasileira. Afirmaram ainda que algumas restrições impostas pelo governo anterior de Alberto Fernández não se justificam.

Sobre o Mercosul propriamente dito, a ideia passada foi da necessidade de aprimoramento e ampliação de efetividade, inclusive, com a defesa de mais acordos externos para o bloco.

Outros sinais sobre os rumos da relação foram dados com mais ênfase em um encontro nesta segunda-feira (11) no Palácio San Martin, que funciona como um cerimonial do Ministério das Relações Exteriores argentino.

Ali se encontraram diplomatas e empresários brasileiros e argentinos com a presença da nova chanceler do país vizinho, Diana Mondino. Neste encontro foram apresentadas demandas e dúvidas dos dois lados e segundo os presentes foram dados dois recados sobre temas específicos do comércio entre os países.

Mondino disse que o interesse do novo governo era acabar com restrições a remessas de recursos entre os dois países e também a importação de insumos. Mas pediu, ainda segundo relatos, paciência para o fim dessas restrições e que elas estavam sob análise cuidadosa da nova equipe econômica.

A aposta da diplomacia brasileira é de que as relações avancem neste primeiro momento nos aspectos comerciais e que eles sejam o motor de um amadurecimento da relação pessoal entre os dois presidentes, Javier Milei e Luiz Inácio Lula da Silva.

Não há, neste sentido, uma preocupação grande para que um encontro ou telefonema entre ambos ocorra no curto prazo. A leitura é de que isso não é essencial neste momento. O foco inicial é manter e aprofundar as relações comerciais.

Diplomatas brasileiros têm elogiado Diana Mondino e avaliado que ela se cercou de diplomatas de carreira no seu ministério, o que foi considerado um sinal importante.

Os gestos diretos de Milei ao chanceler Mauro Vieira também foram considerados muito promissores. Ambos conversaram por cerca de dez minutos durante a posse no domingo, momento em que Milei teria dito a Vieira que pretende trabalhar com “os irmãos brasileiros”. Vieira disse que já havia sido embaixador em Buenos Aires, ao que Milei disse que a Argentina “sempre será sua casa”.

Uruguai pressiona acordo de Mercosul com China após impasse com UE

O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Omar Paganini, sugeriu que o Mercosul avance no diálogo com a China. A indicação vem após o impasse que envolve o acordo comercial do bloco sul-americano com a União Europeia.

Durante encontro da cúpula do grupo no Rio de Janeiro, o chanceler falou em facilitar o caminho para um acordo bilateral que também poderá “servir” ao conjunto dos sul-americanos.

“Dissemos, e o nosso presidente (Luis Lacalle Pou) reiterou, que queremos todo o Mercosul com a China, mas se o Uruguai puder avançar primeiro, acreditamos que também serve ao conjunto”, acrescentou.

Para obter esse progresso, o uruguaio sugeriu que o mecanismo de diálogo entre Mercosul e China seja reativado. “Passaram cinco anos desde a última reunião. Cinco anos em que o mundo se tornou mais complexo e mais desafiador. E todos sabem que a China é um ator com protagonismo nesse cenário”, concluiu o Paganini.

Montevidéu tem buscado negócio com a China, mas esbarra nas regras do Mercosul, que obriga os países-membros (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) a adotar uma Tarifa Externa Comum (TEC) sobre as importações.

O ministro também reafirmou o compromisso do país com o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, mas expressou preocupação. “Vemos com satisfação os avanços do decorrer deste ano, especialmente no segundo semestre”, afirmou Paganini. “Vemos esses desdobramentos com esperança, mas também com certa preocupação pelas dificuldades que apareceram na reta final”, ponderou ao lembrar que a “janela de oportunidade” está se fechando.