A moeda do Chile está registrando uma queda acentuada em 2022. Desde o início de junho, o peso chileno já perdeu mais de um quinto de seu valor. Na quinta-feira (14), a moeda desvalorizou 4%, um dia após o Banco Central chileno elevar as taxas de juros para o maior nível desde 1998.
A derrocada da moeda surge num período de fortalecimento do dólar e preocupações chilenas a respeito de uma nova Constituição.
“Há uma crise cambial completa acontecendo no Chile”, afirmou Alvaro Vivanco, chefe de estratégia de mercados emergentes da NatWest Markets.
“O Banco Central estava preocupado com o crescimento, uma crise cambial é a pior coisa para o crescimento”, completou Vivanco.
Nesta semana, o Banco Central do Chile afirmou que a queda do peso não está sacudindo outros mercados e que a liquidez continua suficiente, indicando que não tinha planos de intervir. No entanto, na mesma semana, o BC anunciou uma intervenção cambial de US$ 25 bilhões, acrescentando que ela durará de 18 de julho a 30 de setembro.
No Chile, a taxa básica de juros subiu em 9,25 pontos percentuais em um ano. Na quarta-feira (13), os membros do BC elevaram o custo do dinheiro em 0,75 ponto percentual, alertando sobre a probabilidade de novos aumentos.
“Não só eles não conseguiram reduzir o ritmo do aperto, mas também tiveram que enviar um sinal de que vão subir mais”, afirmou Eric Martinez, estrategista do Barclays.
Martinez publicou recentemente um estudo observando que o amplo déficit em conta corrente do Chile o deixa na pior posição entre os mercados emergentes para suportar resgates significativos de portfólio. A inflação chilena atingiu 12,5% em junho, maior alta desde 1994.
Além dos índices econômicos, os agentes financeiros estão acompanhando um referendo do Chile em 4 de setembro, no qual os chilenos votarão por uma nova Constituição que, se aprovada, apresenta riscos substanciais para a economia, incluindo riscos de investimento.