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Ovo Fabergé: o que é a joia rara e milionária achada em iate apreendido de magnata russo

Peças foram encomendadas por czar e se tornaram uma tradição da família imperial da Rússia entre os anos de 1885 e 1916

Um Ovo Fabergé foi encontrado em uma embarcação apreendida por autoridades norte-americanas em Fiji no fim de junho. O iate pertencia ao oligarca russo Suleiman Kerimov, que sofreu sanções no Ocidente após o começo do conflito entre Rússia e Ucrânia. Por isso, o veículo avaliado em US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão na cotação atual) foi confiscado e levado para San Diego, nos Estados Unidos. 

Na embarcação, foi encontrado um Ovo Fabergé. Se for autêntico, essa será uma das poucas peças remanescentes no mundo, chegando a valer milhões de dólares. 

Mas a história dessas joias raras começa nos anos 1885, quando o imperador Alexandre III as encomendou ao joalheiro Peter Carl Fabergé. O objetivo era presentear a esposa, Maria Feodorovna, e serviria como “ovos de páscoa” para a família imperial. O simples ato se tornou uma tradição, e após a morte do czar, o filho, Nicolau II, continuou o legado. 

Ainda assim, mistérios cercam o paradeiro de muitos Ovos Fabergé.

Ovo Fabergé tem elaboração complexa

Peter Carl Fabergé nasceu em São Petersburgo, em 1846. Filho do alemão Gustav Fabergé e da dinamarquesa Charlotte Jungstedt, Peter não apenas seguiu os passos do pai, como estudou e viajou junto dele  para entrar no mundo da joalheria. Ainda assim, assumiu a joalheria da família apenas em 1882, após a morte de Gustav. 

Depois da entrega da primeira encomenda de Alexandre III, Peter se tornou joalheiro da corte imperial e sua carreira deslanchou. 

A mente por trás dos Ovos Fabergé, que eram extremamente complexos, supervisionava a produção, que contava ainda com especialistas em diferentes áreas, como lapidação de diamantes ou manipulação de metais, segundo historiadores. 

Verdadeiras joias, alguns ovos eram cobertos com finas camadas de laca ou pedras preciosas adquiridas dos Montes Urais ou das Montanhas Altai.

Mas seu interior continha surpresas. Dentro dos ovos, a família imperial sempre encontrava um artefato diferente, desde uma miniatura de uma caixa de música até um pequeno elefante. Seu primeiro ovo, conhecido como “Ovo de Galinha”, tinha um design simples: era uma peça esmaltada branca de cerca de 3,81 centímetros. Dentro levava um segundo ovo dourado, que continha a miniatura de uma galinha.

Estima-se que, ao todo, 69 ovos foram criados, sendo 56 desses para a família imperial. Até hoje, 57 foram encontrados. Muitos deles se perderam após transferências de propriedade, como vendas ou heranças, após o fim da dinastia Romanov, em 1917, quando bolcheviques assumiram o poder.

Nicolau II e a família foram fuzilados em 1918 e os bens da coroa foram nacionalizados, assim como a Casa Fabergé, o que obrigou Peter Carl a deixar o país. O joalheiro faleceu, na Suíça, dois anos depois.

Os ovos foram embalados e enviados para o Kremlin, ainda assim, Joseph Stalin, líder da União Soviética, vendeu 14 deles para atrair moeda estrangeira para a nação. Por isso, os ovos pararam em coleções particulares, museus e instituições. No entanto, o paradeiro de muitos deles ainda são desconhecidos. 

Preços altos

Os preços dos ovos Fabergé aumentaram ao longo do tempo e agora alcançam grandes somas em leilões. O “Winter Egg”, em 2002, foi leiloado a um licitante por telefone anônimo por US$ 9,6 milhões. Cinco anos depois, um ovo de esmalte e ouro com um galo cravejado de diamantes foi vendido por 9 milhões de libras, que na época valia R$ 18,5 milhões.

Ainda assim, essas peças raramente aparecem em leilão. Hoje, a maioria delas está em museus e instituições. O “Ovo de Galinha”, por exemplo, fica no Museu Fabergé em São Petersburgo. 

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