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Stuhlberger: China não terá crise ‘estilo Lehman Brothers’

O executivo chamou atenção que a China nunca viveu um ciclo de baixa no mercado imobiliário

A situação da China não é parecida com a crise “estilo dos Lehman Brothers”. A afirmação foi feita por Luis Stuhlberger, CEO e CIO da Verde Asset Management, nesta terça-feira (31), em evento promovido pelo UBS.

Na visão do gestor, a questão do setor imobiliário chinês é um problema, mas os pagamentos não devem parar de uma vez e sim ao longo dos anos – situação parecida com a vista no mercado imobiliário do Japão anteriormente, disse.

O executivo chamou atenção que a China nunca viveu um ciclo de baixa no mercado imobiliário, o que é uma raridade.

Evergrande tem liquidação decretada por tribunal; ações caem 21%

A gigante do setor imobiliário chinês, Evergrande, teve sua liquidação decretada pelo tribunal de Hong Kong nesta segunda-feira (29), após não conseguir chegar a um entendimento com seus credores.

As ações da empresa experimentaram uma queda significativa de 21% durante esta manhã, levando à interrupção das negociações. No período de 12 meses, a Evergrande viu uma perda de 90% em seu valor de mercado.

A liquidação de um negócio refere-se ao conjunto de procedimentos executados para realizar os ativos, quitar os passivos e distribuir o saldo entre os sócios.

Carregando um fardo de aproximadamente US$ 300 bilhões em passivos, a empresa deixou de cumprir compromissos financeiros há dois anos, quando iniciou as negociações para reestruturar sua dívida. O prazo para a aprovação de um acordo chegou ao fim nesta segunda-feira.

“Não é uma grande surpresa para os investidores”, disse o economista-chefe da Jefferies, Shujin Chen. Já Hebe Chen, analista de mercado da IG International, afirmou que a ordem de liquidação da Evergrande dá início à “próxima etapa da crise imobiliária da China“.

Shawn Siu, CEO da Evergrande, esclareceu que a ordem judicial de liquidação, divulgada nesta segunda-feira, tem impacto exclusivo na unidade listada em Hong Kong. O executivo destacou que as operações do grupo na China e no exterior são entidades jurídicas independentes. Siu expressou profundo arrependimento pelos eventos que levaram à ordem de liquidação e assegurou o comprometimento da empresa em entregar as propriedades aos compradores.

O impacto nas amplas operações da Evergrande no continente chinês ainda não está totalmente claro, considerando as complexidades do sistema legal em Hong Kong, uma ex-colônia britânica com influências crescentes da China. Analistas apontam que o caso da Evergrande pode representar um teste significativo para a jurisprudência, dada a sua magnitude e complexidade.