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Super-quarta divide mercado, avalia economista-chefe do Banco Master 

Os investidores estão atentos às indicações sobre possíveis cortes futuros, com divergências quanto à data prevista

O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, avalia que esta semana crucial, marcada pelo aguardado encontro da “super-quarta“, que contempla as decisões dos Bancos Centrais do Brasil (BC) e dos Estados Unidos (FED), resulta em opiniões divididas entre os especialistas. Embora não se espere uma grande novidade em relação à taxa de juros, que em sua análise deve ser mantida, os investidores estão atentos às indicações sobre possíveis cortes futuros, com divergências quanto à data prevista.

“O mercado está dividido com parte acreditando que o corte vem em março e parte outra parte em maio. Eu, particularmente, acredito que está mais para maio, apesar de que esses os últimos dados de inflação estão bastante bons nos Estados Unidos. Então a importância da reunião de quarta-feira é muito mais tentar antecipar passos da autoridade monetária americana, do que da decisão em si”, explica.

Por aqui, o Banco Central Brasileiro também deve anunciar um corte na Selic. Gala ressaltou a expectativa em torno da posição do BC diante dos recentes dados de inflação. Ele indicou que o ritmo de cortes na taxa de juros deve ser mantido até a metade do ano, evitando uma aceleração, dado que as expectativas de inflação ainda estão acima da meta.

Segundo as projeções do economista-chefe, a taxa básica de juros pode ir de 11,75% para 11,20%. O foco principal estará no discurso e nas sinalizações do Banco Central em relação aos dados recentes de inflação e aos próximos passos.

Dados da semana

A semana brasileira também será marcada por dados do mercado de trabalho, com a divulgação da PNAD na quarta-feira (31), abordando informações sobre o desemprego e o CAGED, que apresenta a criação de vagas formais. A produção industrial para dezembro será divulgada na sexta-feira (2/02).

No âmbito internacional, Gala enfatizou a relevância do payroll nos Estados Unidos, também na sexta-feira, revelando informações sobre criação de vagas, salários e taxas de desemprego. Apesar de indicadores recentes serem plausíveis sobre o mercado de trabalho norte-americano, o economista destaca a atenção do mercado para possíveis mudanças.

“Lembrar que os dados que a gente teve do mercado de trabalho das últimas semanas foram razoáveis, não dá para dizer que há uma desaceleração do mercado de trabalho americano problemático, ele continua relativamente robusto”, avaliou.

Além disso, na Europa, a inflação será um ponto focal na quinta-feira, destacando os comentários da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, sobre a possibilidade de cortes de juros no verão. Gala observa que esse dado é crucial para a perspectiva global, especialmente considerando os cortes de juros nos Estados Unidos e potencialmente na Europa.

Juros devem cair no verão, reforça Gala

No que tange ao cenário econômico do continente europeu, Gala reforça a fala da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, que reafirmou na semana passada que os juros na zona do euro podem ser cortados a partir do verão local.

“Isso é uma perspectiva muito importante para a gente ter, corte de juros na Europa também junto com corte de juros nos Estados Unidos”, correlacionou.

Além do Índice de Preços ao Consumidor (CPI), que mede a evolução dos preços de bens e serviços, agendado para a quinta-feira (1º), também está programada a divulgação do PIB de Europa, que deve ser divukgado na terça-feira (30). O economista-chefe do Banco Master destaca ainda que os dados econômicos provenientes de Alemanha e França são os mais aguardados, visto que são os que estão gerando maiores preocupações.

Ibovespa recupera terreno no último dia da semana

O Ibovespa registrou uma recuperação ao encerrar o pregão da última sexta-feira (26), em torno dos 129 mil pontos, em um dia marcado pela valorização do real, que atingiu R$ 4,91no fim do pregão. Na análise de Gala, a queda dos juros futuros indicou um cenário favorável para ativos de risco. “Foi um bom dia para os ativos de risco”, disse.

O economista destaca importantes eventos da semana passada, incluindo o resultado do IPCA 15, que ficou significativamente abaixo das expectativas, registrando 0,31%. Além disso, ressalta o vigoroso crescimento de 3,3% no PIB norte-americano, superando a previsão de 2%. 

No Brasil, o IPCA 15 também surpreendeu, ficando abaixo das projeções, com 0,47%. O indicador PCE, acompanhado pelo Federal Reserve (Fed), manteve-se em linha com as expectativas, marcando 0,2%. Quanto ao Core anual, registrou ligeira queda em relação às projeções, resultando em uma reação positiva dos mercados a essas notícias.

“Então a gente teve um movimento de risco, de compra de risco, importante na sexta, o Brasil se beneficiou E as bolsas americanas também subiram”, concluiu Paulo Gala.