Nas eleições realizadas neste sábado (13) em Taiwan, o atual vice-presidente, William Lai, emergiu como vencedor com 40,5% dos votos, de acordo com a Comissão Central da Eleição. Hou Yu-ih, do Kuomintang (KMT), obteve 33,3%, enquanto Ko Wen-je, do Partido do Povo de Taiwan (PPT), ficou com 26,2%. Lai, conhecido por sua postura antagônica em relação à China e defesa de uma aproximação com os Estados Unidos, é considerado pelo governo chinês como um “encrenqueiro” e “divisionista”.
Lai, médico e atual vice-presidente desde 2020, lidera a coalizão Pan-Verde e promove uma identidade taiwanesa forte e abrangente. Seu adversário mais próximo, Hou You-yi, do KMT, reconheceu a derrota, enquanto o partido buscava melhores laços com Pequim e paz no Estreito de Taiwan.
Lai, do Partido Democrático Progressista (PDP) e favorável à independência da ilha, liderou a apuração para a presidência de Taiwan, com um mandato de quatro anos. A posse está programada para 20 de maio. Antes da votação, Pequim o rotulou como um “sério perigo”. Seus oponentes Hou e Ko, defensores da retomada dos contatos com a China, inicialmente cogitaram uma chapa única, mas não chegaram a um acordo e desistiram em dezembro.
Apesar de Lai tentar afastar-se de declarações anteriores que o descreviam como “um trabalhador pragmático pela independência”, o candidato manteve posições marcadas, como a desconfiança na Constituição da República da China (Taiwan) para negociar com Pequim, divergindo da postura conciliatória da presidente Tsai Ing-wen.
“Esse tipo de comentário de Lai no mínimo levanta dúvidas quanto à sua capacidade de manter disciplina ao abordar questões sobre o estreito”, avaliou Amanda Hsiao, analista do “think tank” europeu Crisis Group, durante a transmissão da apuração na TV pública de Taiwan. Foi uma referência ao estreito que separa a ilha do continente.
Taiwan sob ameaças da China
A complexidade da situação política em Taiwan representa um dos pontos mais sensíveis nas relações entre China e Estados Unidos, sendo este último o principal defensor militar da ilha. O porta-voz do Departamento de Estado americano, Vedant Patel, enfatizou que a escolha do próximo líder de Taiwan cabe exclusivamente aos eleitores locais, sem interferência externa.
O destino de Taiwan encontra-se em um delicado equilíbrio, tendo que lidar com a crescente assertividade da China e, ao mesmo tempo, preservar a estabilidade regional sem sucumbir a influências estrangeiras.