Ruído interno

Trump volta a criticar Powell, mas não fala em troca no comando do Fed

“Eu o chamo de ‘Jerome, muito tarde’. Ele sempre foi assim, exceto quando reduziu os juros antes da eleição", disse Trump

Trump
JIM LO SCALZO (EFE)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar nesta terça-feira (5) a atuação do presidente do Fed (Federal Reserve), Jerome Powell. Em entrevista por telefone à CNBC, Trump afirmou que Powell é “altamente político” e que costuma agir “tarde demais” nas decisões de política monetária.

“Eu o chamo de ‘Jerome, muito tarde’. Ele sempre foi assim, exceto quando reduziu os juros antes da eleição — o que ele fez e trabalhou para que acontecesse”, disse Trump, de acordo com o InfoMoney.

Possível substituição de Powell

Questionado se pretende substituir Powell, Trump não respondeu diretamente. Declarou apenas que considera “muito bons” alguns nomes, como Kevin Warsh, e que a escolha final será entre quatro candidatos — sem deixar claro se Powell está entre eles.

Prisão de Bolsonaro pode travar negociações com Trump sobre tarifaço?

A prisão de Bolsonaro ocorre em um momento crítico para a diplomacia entre Brasil e Estados Unidos. A medida, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, pode travar as tentativas do governo Lula de reverter o tarifaço de 50% imposto por Donald Trump.

Nos últimos dias, o governo brasileiro tentava estreitar relações com Washington. Trump chegou a dizer que Lula poderia telefonar “quando quisesse”. Além disso, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se reuniu com o secretário Marco Rubio, sinalizando uma possível reaproximação.

Logo após a decisão, os Estados Unidos reagiram com firmeza. O Escritório para o Hemisfério Ocidental condenou a prisão domiciliar e defendeu o direito de Bolsonaro se manifestar. Apesar disso, o governo brasileiro evitou qualquer comentário público. A estratégia segue focada em evitar ruídos e manter o diálogo aberto com Washington.

Ainda assim, a situação provocou alerta entre empresários e autoridades do setor comercial. José Augusto de Castro, presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), avaliou que a prisão pode congelar avanços:

“Pode impactar a perspectiva de aumento da lista de isenções, colocando em suspenso esse aumento. Aparentemente, havia um movimento de reaproximação, com a fala de Trump que aceitaria atender o presidente Lula. Amenizou o ambiente. No curtíssimo prazo, nada deve acontecer.”