Apesar do tom mais duro adotado por Jerome Powell do Fed (Federal Reserve), economistas do UBS acreditam que o Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto) reduzirá as taxas de juros na reunião de 20 de março.
Powell disse também que permanecerá “dependente de dados” e até lá, a inflação medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE, o indicador favorito do Fed) estará próxima da meta.
“No geral, Powell recuou das expectativas de corte dos juros em março, mas não descartou essa possibilidade e disse que o Fomc seria dependente de dados. Se tomarmos sua própria palavra de que dependem de dados, os dados inflacionários implicam que deveriam cortar os juros em março”, diz o economista Jonathan Pingle, do banco suíço UBS, em relatório assinado também por sua equipe.
Segundo eles, mesmo que o Fomc pense que a taxa de juro neutra é um pouco maior do que indica sua projeção de longo prazo – ele diz que a política é restritiva – com nossa expectativa, o Fed irá encontrar um núcleo do PCE de 2,5% na hora da reunião de março, o que mostra que eles terão espaço para realizar um corte e ainda ficar em terreno restritivo.
Os economistas acreditam que o Fomc quer manter suas opções em aberto para fazer uma transição para um ciclo de corte nos juros e ao mesmo tempo evitar uma flexibilização indesejada nas condições financeiros neste momento.
“Mais uma vez, embora à primeira vista não pareça que o Fomc esteja pronto para reduzir os juros, eles não pensarão assim em março. A melhora contínua da inflação nos 12 meses que se encerrarão em março, levará o Fomc a reduzir os juros em 0,25 ponto percentual na próxima reunião. Até lá teremos novas projeções e previsões”, afirmam.
UBS BB estima aceleração no ritmo de cortes na Selic em junho
Após a decisão do Copom do Banco Central de reduzir a taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, em meio ponto percentual, o banco UBS BB divulgou um relatório projetando mais dois cortes da mesma magnitude antes de uma aceleração no ritmo. “Sem contradizer a orientação futura do Copom, nosso cenário base tem uma aceleração para 75 pb na reunião de junho”, destaca o banco.
O UBS BB sustenta sua visão com base em dois principais motivos: permanece 80 pontos base abaixo do consenso nas projeções de inflação para 2024, com a expectativa de que “parte significativa desta surpresa descendente da inflação aconteça no segundo trimestre”. Além disso, antecipa que o Federal Reserve (Fed) dos EUA iniciará o ciclo de cortes antes de junho, fatores que devem ser levados em consideração pelo Copom.
Portanto, o banco projeta dois cortes de 75 pontos-base em junho e julho, prevendo que a Selic atinja 8% até novembro. “Apesar da taxa nominal mais baixa, isso significa uma previsão de taxa real semelhante em comparação com o Boletim Focus, já que o consenso tem uma expectativa 1 p.p. maior para a taxa Selic terminal, mas tem expectativa de inflação 0,8 p.p. maior em relação ao nosso cenário (UBSe 3% para 2024)”, concluem os economistas Rodrigo Martins, Alexandre de Azara e Fabio Ramos.