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Vai pra Europa? Fenômeno da grande resignação gera caos em aeroportos

Empresas buscam trabalhadores, mas novo fenômeno faz com que mão de obra seja escassa em meio ao verão europeu

Se a ida para o verão europeu entre os meses de junho e agosto é o sonho de muitos brasileiros, um fenômeno recente, que surgiu em meio a pandemia do coronavírus (covid-19) atrapalha a busca por descanso no outro continente. A chamada “Grande Resignação” – o movimento de demissões e não aceitação de modelos antigos – atinge os principais aeroportos da Europa e causa intermináveis filas e atrasos constantes nos voos. 

Enquanto que na pandemia, companhias aéreas e operadores dos aeroportos demitiram em massa (cerca de 400 mil funcionários, segundo cálculos da Bloomberg), o problema agora é que não conseguem contratar dado que com a recuperação econômica e a chegada do home office, ficou mais fácil aos trabalhadores procurar alternativas mais satisfatórias.

Para Ana Paula Iacovino Davila, professora do curso de Economia da Faap, o fenômeno tem dado sinais de crescimento, apesar de ser algo recente no mundo, e atinge diversos países da Europa, além dos EUA e China. Segundo ela, o fenômeno está ligado a uma busca por melhores condições salariais e de trabalho após a pandemia do covid-19.

“Esse fenômeno tem sido obervado nos EUA, na Europa e, também, na China. É um fenômeno ainda rcente e exige maiores estudos para certa afirmativas, pois observamos características diferentes entre os países envolvidos. Mas, em linhas gerais, os trabalhadores estão insatisfeitos com o trabalho, seja pelo ambiente profissional ou remuneração”, disse.

“Essa questão envolve trabalhadores que buscam flexibilidade, buscando melhores rendas e qualidade de vida. Nos EUA, em fevereiro 4 milhões de trabalhadores pediram demissão, um número muito alto”, completou. “Com o excesso de demissões, os que ficaram estão absolutamente carregados e sem contrapartidas em termos salariais e, isso, gera uma frustração e força uma saída”, disse.

“Pode ser indício de um conjunto de sinais, desde uma situação para uma qualidade melhor de vida, e empresas menos flexíveis tendem a perder mais rapidamente os funcionários, além de pessoas que estavam em postos de trabalho ruins, migrando para trabalhos melhores na rotina pós-pandemia”, disse.

Perdi meu voo e enfrentei quase 4 horas de filas para sair da Europa

O jornalista que vos fala viu o fenômeno. Em Amsterdam, na Holanda, um dos principals hubs da Europa, após duas semanas desbravando o continente, chegeu com cerca de quatro horas de antecedência para embarcar novamente para o Brasil.

O voo, da empresa KLM, estava previsto para 10h (horário local) e pensei que não haveria problemas no embarque. Ledo engano. Ao chegar no aeroporto, apenas duas máquinas de raio-x funcionavam, com outras cinco desligadas. 

Questionados, funcionários do aeroporto e da KLM informavam que simplesmente era impossível ligar as máquinas sobrando pois não havia gente suficiente para trabalhar.

Também diziam que as companhias faziam de tudo para contratar, mas simplesmente não conseguiam recrutar gente disposta o suficiente para atender a demanda do verão + redução da pandemia. De fato, pelas ruas da cidade era possível ver dezenas de anúncios com vagas para trabalhar no local. 

No mesmo dia, o aeroporto de Bruxelas, o maior da Bélgica, cancelou todos os voos com previsão de partida em função da greve promovida pelos guardas de segurança. Os funcionários demandam melhora salarial em um período de alta na inflação do país, reportou a “Exame”. 

Com a confusão instaurada, acabei por gastar as quatro horas parado na fila do raio-x. O voo da KLM, obviamente, decolou, deixando eu e uma dezena de brasileiros para trás. A companhia remarcou as passagens para o outro dia, após eu enfrentar outras quatro horas de espera para isso. E também não se disponibilizou a pagar qualquer hotel.

Por isso, amigo da Faria Lima que deseja ir ao verão europeu curtiu as praias de Mykonos, Ibiza ou mesmo um jantar romântico a beira do rio Sena, não se esqueça de chegar BEM cedo ao aeroporto para que o fenômeno da Grande Resignação atual não afete seu sossego.