60% dos fundos multimercados ‘morreram’, diz analista 

Luiz Felippo completou dizendo que apenas 20% desses fundos que sobraram tiveram rentabilidade razoável

O analista da Nord Research, Luiz Felippo, afirmou em entrevista que 6 a cada 10 fundos de multimercado “morreram” nos últimos 10 anos, e apenas 20% das que sobraram tiveram uma performance razoável. De acordo com o especialista, o principal motivo para o encerramento de um fundo são os resultados abaixo da expectativa. 

No geral, o que mais mata é a performance. Quando se tem um resultado fraco, acontece o que acontece com muitos fundos da indústria, o cara vai perdendo gente, não consegue captar, não consegue renumerar, é difícil.  

De acordo com a 4ª edição do “Raio-X do Investidor”  da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro (ANBIMA), em 2020, apenas 5% dos brasileiros realizaram investimentos em fundos, somando pouco mais de 10 milhões de pessoas. 

Para Felippo os fundos têm um “obstáculo” que o mercado de ações não têm, que é o investimento mínimo. “Os fundos têm essa dificuldade que as ações não têm, o investimento mínimo, tem fundo de R$ 15 mil. Além disso, tem muitas pessoas que não sabem a hora certa de sair”, explicou. 

O sócio fundador da MZR Investimentos, Felipe Relvas, ressaltou a importância de se analisar e selecionar gestores em vez de se basear apenas na promessa de retorno. Segundo ele, para se pensar em uma alocação a longo prazo é importante saber em quem está sendo feito o investimento.

Relvas também comentou sobre as críticas de investidores sobre a Taxa de Administração elevada. “Tem gente que diz que a taxa de administração tá muito cara, é preciso refletir sobre isso, você quer os melhores caras mas quer pagar barato? Se você trazer um cara muito bom e barato alguma coisa está errada”.

Remuneração 

Relvas e Felippo explicaram como funciona a remuneração de uma equipe de gestora e as dificuldades que o fundo pode passar. 

Durante entrevista pelo Stock Pickers, os apresentadores apresentaram o seguinte cenário; Uma gestora ficou com R$ 200 milhões em ativos sob gestão por 12 meses, ela também não conseguiu bater as metas de performance e por isso não terá direito aos 20% sob a perfomance, mas terá acesso aos 2% por ano.

Felippo explicou que os pagamentos varia entre as gestoras, pois existem tamanhos de equipes diferentes, o sub-mercado de caixinhas, que normalmente é mais caro pois o número de funcionários é maior. 

“Metade desses 2% vira arrebate, supondo que a equipe tem 10 pessoas, por exemplo, um multimercado macro, ficaria R$ 200 mil por ano para cada um, fora pagamentos com impostos e etc. É complicado” 

Sharpe

Relvas destacou a importância de se analisar o Índice Sharpe, medidor de desempenho de um investimento comparado a um ativo livre de risco, e destacou que analisar um fundo com mais tempo de mercado facilita o processo de escolha.

O especialista também comentou sobre a volatilidade geral do mercado. “Importante retomar que às vezes a volatilidade do mercado está baixa. E às vezes provoca alguém de virar e falar assim, pô, você está com o vol do fundo tão baixo? Aí o gestor vai se alavancar mais, e quando o mercado às vezes normalizar daquela ele vai sair do orçamento de risco”