A Vale é dependente do minério de ferro?

Cotação das ações da mineradora possui forte correlação com os preços da commodity, é dependência?

A segunda empresa mais valiosa da América Latina, com valor de mercado superior a R$ 400 bilhões, e uma das maiores siderúrgicas do mundo, a Vale (VALE3) é um ativo importante para a Bolsa de Valores brasileira, as ações da companhia são as que mais possuem participação no Ibovespa, índice referência da B3, compondo 12,9% da carteira do indicador. Porém, o papel da mineradora se demonstra dependente dos preços do minério de ferro em diversos momentos, o que, por muitas vezes, pode afastar o investidor de realizar a aplicação.

A Vale é dependente do Minério de Ferro?

Então, falar que a empresa é “dependente” da commodity pode parecer forte demais, mas é inegável que as ações da Vale possuem uma forte correlação com a cotação do minério de ferro. Por exemplo, na primeira semana de novembro, entre os dias 1 e 5, o metal sofreu forte queda de 13% no período, os papéis da Vale acompanharam a baixa e encerraram a semana caindo 11,35%.

Trazendo pelo lado positivo, quando a cotação da commodity atingiu sua máxima histórica, atingindo mais de US$ 240 por tonelada, as ações da mineradora dispararam e também bateram o recorde de cotação, chegando a ser negociada por volta de R$ 120, em maio deste ano. Para se ter noção do tamanho que foi o salto da Vale, a companhia chegou a ultrapassar o Mercado Livre e se tornou a empresa mais valiosa da América Latina, com valor de mercado superior a US$ 102 bilhões, segundo o Economatica.

 

Fonte: TradingView

Os especialistas explicam que a correlação dos preços das ações da Vale com a cotação do minério de ferro não é algo “exclusivo” da companhia, mas algo das mineradoras em geral.

“Como a Vale exporta a commodity bruta, existe uma correlação muito grande entre o preço da ação e o andamento das expectativas futuras de mercado de minério de ferro. Aliás, essa sensibilidade não é algo particular da Vale, mas também comum aos seus pares”, explica o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman.

Como os preços do minério de ferro variam?

A variação de preços das commodities, na maioria das vezes, possuem fatores bastante semelhantes. Porém, os métodos de extração e beneficiamento mudam de acordo com o tipo de minério. Dessa forma, as variáveis são diversas, como: logística, custo de produção, tarifas portuárias, fatores políticos dentre outros. 

Para resumir e facilitar, nos destacamos os 3 principais fatores que podem influenciar nos preços do Minério de Ferro:

Demanda e oferta

Quando a procura de um produto é muito maior que sua oferta, seu valor no mercado tende a subir e quando o inverso ocorre, ou seja, sua oferta é muito maior que a demanda, é natural que seu preço diminua. Fatores como carência de reservas e problemas na logística levam ao desequilíbrio entre oferta e demanda das commodities minerais, em consequência disso, há grandes variações de preço.

Mineração

Antes de transformar o minério em dinheiro, é preciso analisar se é economicamente viável o conjunto de operações que vão desde a extração do minério até seu beneficiamento. Para isso é necessário planejar a curto, médio e longo prazo o que será realizado na mina, como qual método de lavra será usado, a preparação de mina, investimentos, custos operacionais, avaliar a quantidade de minério em vista do produto não utilizável (estéril) e os limites da cava a ser feita, são alguns exemplos.

Concorrência com outros commodities

Alguns minerais podem ser substituídos e, por isso, não é interessante gastar energia em sua extração, beneficiamento e venda, como é o caso do nióbio. Um metal que, somado ao ferro, produz uma liga muito forte e maleável. Ideal para confecção de foguetes, turbinas de avião e pontes, por exemplo.

O Brasil detém 98% das reservas de nióbio do mundo e em 2014 respondeu por 94% da produção global. Mas a tonelada do metal é vendida por aproximadamente de U$ 25 mil, preço relativamente baixo. Isso ocorre porque o nióbio não é imprescindível: a liga vanádio + tântalo + titânio + molibdênio pode o substituir, tendo características semelhantes. Logo, não é economicamente viável aumentar o valor desse minério, tendo em vista que o mercado optaria pelo seu concorrente.

Devo investir na Vale?

Se você deve ou não é particular de cada investidor, existem outras siderúrgicas no Brasil, caso queira realizar a aplicação. Porém, com a aprovação do pacote trilionário de investimentos em infraestrutura nos Estados Unidos, as ações da Vale podem disparar já no ano que vem, por conta da forte demanda por aço, que depende do minério de ferro.

De acordo com levantamento realizado pelo TradeMap, os papéis da Vale podem disparar entre 43% e 98% no longo prazo, e contam com 6 recomendações de compra das principais corretoras no mercado. A previsão para a produção da commodity em 2022 é que chegue abaixo das expectativas, sendo que a demanda deve disparar por causa dos EUA e, seguindo a “lei da oferta e demanda”, os preços do minério de ferro devem disparar, junto com as ações da mineradora.

Existem previsões de que a commodity renove sua máxima histórica, podendo se aproximar dos US$ 300 por tonelada.

A assessoria de imprensa da Vale foi procurada para discorrer sobre o assunto, mas a companhia optou por não se pronunciar.

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