O presidente da Acelen, Luiz de Mendonça, deu detalhes sobre o pedido feito ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para adotar medidas preventivas contra a Petrobras (PETR3; PETR4).
Para ele, o imbróglio coloca em risco o crescimento do setor de refino no Brasil, inclusive os investimentos de R$ 12 bilhões em uma nova fábrica de biocombustíveis na Bahia, anunciados pela empresa em abril. A Acelen opera a Refinaria de Mataripe (ex-RLAM) pelo fundo de investimento árabe Mubadala.
“Lógico que pode [cancelar o investimento]. Preciso ter um posicionamento do Cade se a livre concorrência será defendida. Se a isonomia de preços de petróleo entre a empresa dominante que concorre comigo será garantida. A partir daí, o Cade vai dizer se existe um ambiente regulatório competitivo, confiável no Brasil. Se essas condições são dadas, a partir daí, é óbvio, confirmo todos os nossos planos de investimento”, disse o CEO em entrevista para o Broadcast/Estadão.
Na conversa, Mendonça ainda afirmou que a Petrobras vende petróleo para a Acelen 10% mais caro do que para as próprias refinarias, o que viola a isonomia da concorrência. “Ela é o competidor dominante, somos os agentes da ponta e estamos sendo apertados no petróleo”, afirmou. “A gente não tem como escapar de comprar da Petrobras.”
Para ele, o diálogo com a estatal se esgotou e, agora, cabe ao órgão da concorrência decidir se o País tem ou não regras claras de competição, uma decisão que pode afetar a imagem do Brasil.
Acelen diz que não seguirá redução de Petro
A Acelen informou que não seguirá a nova política de preços da Petrobras, que pôs fim ao modelo de paridade com o mercado internacional. Por conta da mudança, a estatal anunciou uma redução na gasolina, diesel e gás de cozinha, que já começam a vigorar nesta quarta-feira (17).
Em comunicado, a Acelen informou que os valores dos combustíveis produzidos na Refinaria de Mataripe, localizada em São Francisco do Conde, Região Metropolitana de Salvador, vão continuar seguindo os critérios que levam em consideração variáveis como custo do petróleo, dólar e frete, em consonância com as práticas internacionais de mercado e que, portanto, os preços dos combustíveis não serão alterados neste momento.
Ainda na nota, a empresa ressaltou que possui “uma política de preços independente e transparente, a partir de uma fórmula objetiva, homologada pela agência reguladora, que assegura previsibilidade e preços justos, visando um mercado mais competitivo no país”.
Previsto desde a semana passada, a Petrobras finalmente anunciou nesta terça a redução no preço médio de venda do diesel e da gasolina para as distribuidoras a partir desta quarta.
O litro do diesel vai cair 40 centavos, de R$ 4,89 para R$ 4,49, o que significa um desconto de 8,17%. Já a gasolina vai ficar 6,9% mais barata, ou 20 centavos, passando de R$3,28 para R$3,08 por litro.