Agibank: Goldberg renuncia ao Conselho do Nubank após aporte de R$ 400 mi

O valor é superior ao do Banco Pan e fica ligeiramente abaixo do Banco Inter, de acordo com fontes próximas à negociação, reveladas ao Brazil Journal

Foto: Reprodução
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A Lumina Capital, em sua primeira investida no setor de private equity, anunciou que fará um aporte de R$ 400 milhões no Agibank, avaliando o banco em R$ 9,3 bilhões pós-investimento.

O valor é superior ao do Banco Pan e fica ligeiramente abaixo do Banco Inter, de acordo com fontes próximas à negociação, reveladas ao Brazil Journal. O aporte será 100% primário, e o anúncio oficial deve acontecer em breve.

Embora o Agibank não precise de capital imediato – com um retorno sobre o patrimônio de 46,5% no terceiro trimestre e expectativas de encerrar o ano com R$ 8 bilhões em receita, R$ 30 bilhões em ativos e lucro líquido de aproximadamente R$ 900 milhões – o banco decidiu, no meio deste ano, buscar um sócio estratégico.

O objetivo é contar com uma parceria capaz de oferecer inteligência e apoiar no crescimento da instituição, além de facilitar um possível IPO nos próximos anos.

O Agibank tem uma carteira de crédito de R$ 25 bilhões, com planos ambiciosos de aumentar esse número para R$ 100 bilhões até 2030. Embora o banco já tenha atraído ofertas no valor de R$ 1,6 bilhão de fundos de private equity, fundos de pensão internacionais e investidores locais, a escolha final recaiu sobre a Lumina, após uma forte afinidade entre Marciano Testa, fundador do Agibank, e Daniel Goldberg, fundador da Lumina.

Parceria estratégica entre Agibank e Lumina

Daniel Goldberg, com uma trajetória que inclui experiência no governo, à frente de um banco de investimentos e como sócio do Farallon Capital, antes de fundar a Lumina, já era conselheiro do Nubank desde 2021.

Sua experiência com empresas de alto crescimento, especialmente no setor de tecnologia e crédito, foi vista como um trunfo para entender as necessidades e o potencial do Agibank.

Após meses de análise, a Lumina concluiu que “quando o Brasil vai bem, o Agibank vai espetacularmente bem; e quando o Brasil vai mal, o Agibank vai ‘apenas bem’”, como revelou uma fonte próxima à gestora.

A mesma fonte destacou que o Agibank “é muito mais do que um banco de consignado: ele tem muita tecnologia embarcada e muito espaço para acelerar o cross-selling de produtos, além de crescer e gerar muito caixa.”

Modelo híbrido do Agibank

O Agibank opera com um modelo híbrido que combina um banco digital completo com mais de 1.000 “smart hubs” – lojas físicas sem papel e sem dinheiro, onde um assessor ajuda o cliente a utilizar os serviços digitais.

Esse modelo atende principalmente uma base de clientes das periferias das grandes cidades e do interior do Brasil, com cerca de 100 milhões de pessoas que têm acesso limitado à internet e necessitam de ajuda para navegar no ambiente digital.

Marciano Testa, em palestra recente, afirmou: “Nosso modelo nos permite ocupar um espaço que não é bem coberto nem pelos incumbentes nem pelos bancos 100% digitais.”

Este investimento no Agibank marca o início da Lumina Capital em uma nova vertical especializada em equity de instituições financeiras e fintechs, com planos de expandir os investimentos não apenas no Brasil, mas também em outros países.

Goldberg já havia mencionado em eventos recentes que a Lumina, conhecida por seu trabalho em “special situations”, tem encontrado oportunidades para fazer investimentos mais tradicionais em empresas de equity. Diante de um ambiente competitivo no universo de “special sits” e a escassez de investimentos em tecnologia e crescimento na América Latina, poucos fundos de private equity locais continuam ativos, sendo a General Atlantic e a Advent os principais players ainda operando no setor.

Futuro da transação

O fechamento da transação depende da aprovação do Banco Central. A Vinci Partners, que investiu R$ 400 milhões no Agibank em 2020, será diluída na nova transação, após ter contribuído para o crescimento do banco nos últimos anos.

O Agibank conta com a assessoria do Goldman Sachs e do escritório Pinheiro Neto, enquanto a Lumina é assistida pelo Morgan Stanley e pelo BMA.

O investimento representa um marco importante para o Agibank e pode ser um passo fundamental em seu crescimento e no processo de potencial abertura de capital nos próximos anos.

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